O número de eleitores filiados a um partido político teve crescimento tímido em Araraquara na comparação entre os anos que antecedem eleições presidenciais – 2017 e 2021. Ao todo, no ano passado, 14.335 pessoas estavam filiadas a uma das legendas presentes no município.
O número é maior que os 14.193 eleitores que tinham vínculo com alguma sigla em novembro de 2017. Proporcionalmente, o crescimento é tímido, de apenas 1%, mas vai na contramão do que ocorre no Brasil, onde mais de 600 mil eleitores deixaram de seguir alguma legenda.
Ao analisar os números de cada sigla, é possível verificar que legendas tradicionais como o MDB e PT perderam filiados – ainda que pouco. Apesar disso, elas seguem sendo as maiores na Morada do Sol, seguidas por PTB, Progressistas, PSDB, Democratas, PSB e PDT.
“Esse mesmo fenômeno [perda de filiados] pode ser visto no Brasil historicamente. Mas, nos dias atuais, ele acontece em Araraquara onde essas legendas concentram maior número de filiações. Inclusive, o MDB e PT têm mais de 28% do eleitorado filiado no município”, destacou o cientista político e mestre em ciência política Victor Gandin.
Já os partidos com o menor número de filiados, segundo dados do TSE, são: Rede, com 10; PCO, com 11; PSTU, com 14; PTC, com 20; e PROS e PMB com 31 seguidores. Completam a lista os partidos DC com 35 apoiadores; Avante, 43; PSL, 52; PRTB, 63; e PMN, 96.
QUEM MAIS CRESCEU?
A legenda que proporcionalmente cresceu mais em Araraquara foi o Patriota, que saltou de 36 filiados em 2017 para 456 seguidores em 2021, ou seja, um crescimento de 1.116%. O Novo saltou de 41 para 124 filiados, enquanto o PRTB saiu de seis para 63 militantes.
Na avaliação de Victor Gandin, uma das possíveis explicações é a ascensão ao poder do presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Isso porque, o Patriota, por exemplo, era um dos possíveis destinos do mandatário brasileiro às vésperas das eleições de 2018.
“Mesmo não sendo confirmada essa filiação ao Patriota, o partido veio a agregar figuras ligadas ao bolsonarismo e, de uma maneira mais ampla o campo ideológico da direita. O Patriota mobilizou apoiadores, eleitores e até mesmo eventuais candidatos que desejavam disputar as eleições e cumpriram esse primeiro requisito que é se filiar a um partido”, disse.
Outro ponto que pode justificar maior crescimento do Patriota em Araraquara, na análise de Gandin, é o resultado eleitoral em 2020, quando o partido teve como candidato à Prefeitura o ex-vereador doutor Lapena, segundo colocado na disputa, com cerca de 35% dos votos.
“Esse grupo político passou a ser em 2020 uma legenda em condições de capitanear o eleitorado de direita, embora havia vários partidos com nomes concorrendo por esse campo. Essa participação na última eleição com certeza auxiliou na captação de novos filiados e fez crescer em números”, ressaltou.
Questionado pela reportagem se a polarização política contribuiu para ampliar ou reduzir filiados ao longo do período analisado, o cientista político considerou que apesar do clima acirrado na sociedade, o movimento de direita não conseguiu ser traduzido partidariamente.
“Em termos partidários, embora possamos considerar, por exemplo, o fenômeno do petismo com PT versus anti-petismo -,esse movimento de direita, do Bolsonaro, não é organizado em termos partidários, pois não foi feito ou criado um partido que pudesse competir os votos e polarizar em termos partidários ou em quantidades de filiados”, considerou.
“O próprio Bolsonaro foi eleito pelo PSL e ficou anos sem estar filiado a partido político, o que fez com que sua base, tanto no Congresso, quanto nos municípios, pois aqueles que o apoiam ficaram fragmentados e distribuídos por inúmeros partidos políticos”, finalizou.
