Uma empresa e a Prefeitura de Araraquara foram citadas, nesta quinta-feira (1º), durante pronunciamento do senador Eduardo Girão (Podemos/CE), na CPI da Covid no Senado.
O parlamentar é um dos grandes entusiastas para que avancem as investigações sobre o Consórcio Nordeste. O senador defende que há receio de colegas em pautar o tema.
Ele acrescenta que ao discutir o Consórcio Nordeste, parte dos integrantes da CPI demonstra nervosismo e, segundo ele, é preciso entender o que está “por trás dessa blindagem”.
“Esse escândalo, para mim, é o símbolo nacional de corrupção nessa pandemia. O calote da maconha, porque foram adquiridos de empresa ligada à maconha esses respiradores, que nunca foram entregues. Quantas vidas foram perdidas? Tem gente muito poderosa, repito, junto disso”, afirma.
“Essa investigação tem ilações, inclusive, com Araraquara, com outro ex-ministro, porque o Carlos Gabas [secretário-executivo do Consórcio Nordeste] é ex-ministro da [ex-presidente] Dilma (Roussef), e tem outro ex-ministro dessa época também, de governos anteriores, que é o prefeito de Araraquara, que é o Edinho [Silva]”, completa.
Segundo o senador, a empresa HempCare, recebeu antecipadamente através do esquema do Consórcio Nordeste, quase R$ 50 milhões e não entregou os respiradores encomendados.
Em junho de 2020, a Polícia Civil de Araraquara deu apoio ao cumprimento de busca e apreensão expedido pela Polícia da Bahia, através da operação Ragnarok.
Na oportunidade, além da empresa BioEnergy, localizada no condomínio da Iesa, também teve busca e apreensão em uma residência no Jardim Morumbi.
A empresa chegou a anunciar, em maio do ano passado, que ia produzir respiradores mecânicos e entregar cerca de cinco mil unidades para todo o País.
O senador aponta que segundo uma nota técnica da Controladoria Geral da União (GCU) relata que a empresa teria prometido doar 30 ventiladores pulmonares à Prefeitura de Araraquara.
“Não há lógica na doação de equipamentos no valor de 42.000% a mais que seu patrimônio líquido”, diz.
Mencionando uma revista de circulação nacional, na edição de 25 de setembro do ano passado, o parlamentar completa: “A prefeitura de Araraquara, governada pelo senhor Edinho Silva, ex-ministro, teria sido beneficiada por 30 respiradores exigidos como, entre aspas, propina pelo fechamento do negócio com a empresa Hempcare”.
Procurada para comentar a menção de Araraquara pelo senador, durante a CPI da Covid, a Prefeitura afirma que jamais procurou alguma empresa para que doações de respiradores fossem feitas.
“A proposta de doação, que nunca chegou a ser efetuada, foi por iniciativa da própria empresa. A mesma alegou que seria contrapartida social para a cidade, já que milhares que equipamentos seriam produzidos no município”, diz em nota.
Na oportunidade da operação policial, a BioEnergy relatou estar colaborando com as investigações e negou que tivesse firmado convênios com governos ou prefeituras.
