Em entrevista exclusiva ao portal acidade on, a vereadora Filipa Brunelli (PT) avaliou como positivo seu primeiro ano de mandato, apesar de dificuldades relacionadas ao preconceito contra sua identidade de gênero.
Nesse ano, ela teve aprovadas oito leis ordinárias, apresentou 222 indicações e 51 requerimentos ao Executivo.
Ela também criticou o que classifica como “bizarrices” ocorridas no Legislativo Municipal esse ano, como a abertura de CEI para investigar os gastos da Prefeitura na pandemia e o pedido de impeachment do prefeito Edinho Silva (PT).
Confira a entrevista na íntegra:
acidadeon – A senhora aprovou este ano oito leis ordinárias. Como avalia sua atuação e cite, por favor, outras iniciativas feitas por seu mandato em 2021?
Filipa Brunelli – Foi um ano de início de mandato bem difícil, onde além de legislar e fiscalizar o Executivo, precisei ainda suportar a perseguição política, o preconceito e a discriminação em decorrência de minha identidade de gênero e sexualidade.
Aprovamos nove legislações nesse primeiro ano de mandato, trazendo debates para a casa de leis que nunca haviam sido feitos com tanta veemência, que são a garantia da laicidade do estado e o direito a cultuar qualquer religião, a luta por direitos das pessoas LGBTs e a representatividade das minorias políticas em geral, além de meio ambiente e saúde, entre outros.
Tivemos uma atuação grande frente à pandemia de covid, propondo projetos, fazendo indicações e contribuindo com emendas parlamentares.
Por falar em emendas parlamentares, trouxe para a cidade um total de R$ 400 mil junto ao deputado federal Nilto Tatto e à deputada estadual Márcia Lia.
Tenho uma avaliação muito positiva deste primeiro ano, onde muitas de nossas propostas de campanha já conseguimos executar. Agora é continuar o trabalho e entregar para a população o que me propus a fazer pela cidade enquanto candidata.
acidadeon – Em 2021 houve maior polarização política na Câmara, com a discussão de temas nacionais. Em sua avaliação, como esses assuntos contribuem para a vida do araraquarense?
Filipa Brunelli – Não tem como desassociar o cenário nacional do municipal, até porque o que acontece em âmbito federal impacta diretamente na vida pública do município, como por exemplo, a falta de políticas públicas federais durante a pandemia, o que acabou sobrecarregando o município.
Creio que seja fundamental fazer esses debates junto à população. Foram nesses momentos de debate que os vereadores mostraram a verdadeira face. Alguns se mostraram negacionistas, despreparados e ignorantes no que tange à política pública.
acidadeon – Há a possibilidade da instalação de uma praça de pedágio no limite dos municípios de Araraquara e Ibaté. Como está trabalhando esse tema? É favorável ou contrária e por quê?
Filipa Brunelli – Infelizmente essa possibilidade é real. É uma vergonha tal proposta defendida pelo governo do Estado de São Paulo, com certeza eu sou contra, pelo simples fato de que não conseguimos mais pagar tantos tributos. Um pedágio entre cidades consideradas “cidades irmãs” como Araraquara e São Carlos vai trazer muito mais ônus do que bônus à população.
Infelizmente, pouco posso fazer enquanto legisladora municipal, pois o assunto é de competência estadual. Mas já estou em articulação com alguns deputados estaduais para lutarmos contra a instalação dessa praça de pedágios.
acidadeon – Após cinco meses, a Câmara ainda não iniciou os trabalhos propostos pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar os gastos com a pandemia da covid-19. Qual sua avaliação sobre essa situação?
Filipa Brunelli Bem, primeiro é importante enfatizar que essa proposta de CEI é apenas política!
Os vereadores sabem que não houve irregularidades durante a pandemia, afinal, muitos dos processos passaram pela Câmara. Vimos bizarrices como essa CEI e o pedido de cassação de mandato do prefeito, tudo por uma oposição despreparada, odiosa, de pessoas que não aceitaram o resultado das urnas.
Tenho compromisso com a verdade e a transparência no que tange ao poder público, e eu seria umas das primeiras a denunciar alguma irregularidade se observada. Agora, utilizar-se de instrumentos legislativos como uma CEI para perseguição política para mim é inaceitável.
Não concordam com a ideologia política? Então façam o debate acerca da ideologia e do projeto ou proposta, mas não façam essa política esdrúxula e baixa de ataques e perseguição.
Os dispositivos legais devem ser acionados quando de verdade se cabe o mesmo!
acidadeon – A retomada econômica, bem como zerar a fila da saúde e colocar em dia a educação de nossas crianças são os grandes desafios para o ano que vem. Como a senhora pode contribuir com soluções para essas situações?
Filipa Brunelli – Essas temáticas são algo que venho pensando junto ao meu mandato há algum tempo, pois literalmente o SUS precisou parar para dar contar da covid-19. Essa demanda reprimida será algo que o Poder Executivo precisará ser muito organizado e alinhado para poder solucionar. O que me preocupa, por exemplo, é o que depende das especializações e do CROS, pois aí adentramos a problemática que está a saúde pública ofertada pelo Estado de São Paulo.
Na Educação, faço uma leitura social parecida. As escolas municipais não me preocupam tanto, mas as escolas estaduais essas sim me deixam preocupada. Antes da pandemia, a educação estadual já estava sucateada, com falta de professores na rede de ensino, degradação dos prédios físicos, superlotação das salas de aula, falta de material didático de qualidade, enfim, a situação já era bem difícil. Agora, no pós-pandemia, eu creio que o estado não irá ter êxito em solucionar uma problemática que é de anos e que foi intensificada.
No que depender do meu mandato, trabalharemos intensamente para contribuir com a solução das demandas.