O número de eleitores com idades entre 16 e 17 anos triplicou em Araraquara, após a realização de campanhas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas redes sociais.
A campanha Bora Votar ganhou força com a presença de artistas e acabou turbinando o número de eleitores que não tem a obrigatoriedade do voto.
Em dezembro de 2021, a cidade contava com 353 jovens aptos a votar. Em poucos meses de campanha, esse número subiu para 1.134 – um aumento de 221%.
Para a cientista política Mirlene Severo, os dados são vitoriosos. “Temos que vibrar com essa retomada da participação através da democracia, da participação cidadã, que os jovens optaram. Em janeiro eu falava que a gente, pessoas adultas e que já entendia um pouco mais dos processos eleitorais, estávamos em dívida com a juventude. Precisávamos falar mais com os jovens, falar mais sobre o processo democrático que as eleições envolvem e trazê-los para esse cenário”, afirma.
De acordo com Mirlene, a cidade contava com apenas 3,82% dos jovens com títulos de eleitor. A partir da realização das campanhas nas Redes Sociais, o jovem passou a buscar o título, mostrando a importância da tomada de consciência do jovem.
“As redes sociais foram muito importantes e demonstram como influenciam e formam a consciência desses jovens. Foi fundamental o TSE superar a própria institucionalidade e ocupar diferentes posts nas redes sociais, onde artistas e figuras públicas começaram a fazer e dialogar com esses jovens, com o interesse de trazê-lo para esse debate político. A ação foi tão importante que uma das redes sociais alcançou com esse tema em um único dia, 88 milhões de pessoas. Isso foi no final de março. Em abril houve aquele boom de jovens tirando o título e demonstra que, as redes sociais trabalhadas para algo comum pela democracia é fundamental, pois ela modifica as aspirações e traz a consciência, no sentido de participação política”, analisa.
MUDANÇA DE PERFIL
A participação dos jovens na política apresenta um novo perfil para as eleições deste ano e traz formas diferenciadas de debate.
Para a socióloga, os jovens trazem novas aspirações e renovam as energias, no sentido de como fazer para que o processo eleitoral tenha lisura e seja uma festa da democracia.
“Tivemos ainda a participação dos movimentos de juventude, que entraram nessa perspectiva de formar e trazer os jovens para esse debate da política, associando que – você é jovem e quer algo diferente, você tem que votar. É importante chamar o jovem para discutir. Ele tem que fazer parte em todos os momentos, para qualquer tipo de reivindicação e organização do movimento. Essa é uma grande vitória para a sociedade e do processo eleitoral, de forma ampla e democrática. Que constitua novos cidadãos a partir desse primeiro voto”.