O prefeito de Boa Esperança do Sul, José Manoel de Souza, está entre os prefeitos que relataram o pedido de propina feito por um pastor, que atua na assessoria do Ministério da Educação (MEC).
De acordo com o prefeito, a reunião com o pastor Arilton Moura e outros 29 gestores municipais ocorreu em 13 de janeiro deste ano. Após audiência, cada prefeito recebia uma senha e esperava para apresentar as demandas para assessores.
José Manoel teria perguntado a Arilton como seriam as demandas e se todos os municípios seriam atendidos. Arilton teria questionado se o prefeito estaria precisando de uma escola técnica na cidade.
“Eu afirmei que tinha outras demandas mais urgentes, como a construção de uma creche e acabar com a terceirização dos ônibus. Ele então respondeu: O que eu tenho, se você quiser eu ligo agora, é essa escola profissionalizante. Entretanto, em contrapartida, você precisa depositar R$ 40 mil para ajudar a igreja. Eu levantei, disse: muito obrigado, pode ficar com sua escola profissionalizante. Eu estou fora dessa”.
Entenda
Conhecido como ‘Gabinete Paralelo’, o suposto esquema de propina no Ministério da Educação (MEC) envolvia compra de Bíblias para serem distribuídas nas cidades e dinheiro para a igreja evangélica.
Além do prefeito de Boa Esperança do Sul, o gestor de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton (Cidadania), também relatou que foi convidado para almoçar por um dos pastores após uma reunião no Ministério da Educação. Arilton teria dito que, se o prefeito tivesse “interesse” em recurso para escola no município, o pastor poderia “organizar”.
“Mas eu quero R$ 15 mil”, afirmou Arilton, segundo o perfeito. “Você tem que me dar R$ 15 mil para eu custear minhas despesas aqui, que eu tenho em Brasília.”
Professor Kelton teria dito ao pastor que o município não poderia fazer este tipo de pagamento, “que não era legal”. “Eu, pessoalmente, não tenho condições de fazer isso.”
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Em nota divulgada à imprensa, Milton Ribeiro disse não haver nenhum tipo de favorecimento na distribuição de verbas da pasta. Segundo o ministro, a alocação de recursos federais segue a legislação orçamentária.
“Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, disse o ministro na nota.
Milton teria afirmado ainda que, acionou o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, em agosto de 2021, após ter recebido relatos de pedidos de propina. Ribeiro disse também que pediu a Rosário que a denúncia anônima fosse investigada. (Com informações do Estadão)