A Câmara Municipal de Rincão discute, nesta segunda-feira (23), a denúncia de quebra de decoro parlamentar contra o vereador Antonio Benedito Balestere (Republicanos). Na última sessão do legislativo, ele teria usado uma expressão considerada homofóbica.
Durante um questionamento sobre concurso público na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, o parlamentar utilizou o termo “garcinha” em referência ao presidente da APAE, João Matheus Bolito, que é homossexual.
“Então, nós estamos perguntando: como esta pessoa fala que vai ser prefeito de Rincão? Será que ele vai fazer concurso para o povo ou será que ele vai contratar as garcinhas”, perguntou o vereador.
Logo na sequência, a fala foi cassada pelo presidente da Câmara, Piter Cesarino Ilário (PP).
“Não estou desrespeitando ninguém daqui. Você [presidente da Câmara] toma cuidado”, disse Antonio Benedito com o microfone já desligado.
Diante do comentário, João Matheus protocolou junto à mesa diretora da Câmara uma denúncia contra o vereador por quebra de decoro parlamentar. Se for aprovada pelo plenário, é instaurada uma Comissão Processante para investigar o caso.
“A punição é o reconhecimento da quebra de decoro parlamentar e a cassação do mandato do vereador. Para que todas as pessoas, a sociedade, que pensem em desrespeitar qualquer pessoa por sua orientação sexual, pela questão de gênero, que não o façam. Qualquer forma de preconceito não deve ser reverenciada”, disse João Matheus ao acidade on.
À reportagem, o presidente da Câmara, Piter Cesarino, disse acreditar que o momento vivido no cenário político requer que medidas sejam tomadas. “A população cobra isso, fica uma posição difícil para o parlamentar. Uma denúncia desse tipo deve ser apurada e analisada no rigor da lei”, afirmou.
Caso seja aprovada, a Comissão Processante terá 90 dias para apurar a conduta do vereador. O relatório final será votado pelo plenário da casa.
Além da denúncia, o presidente da APAE disse que deve registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil na próxima terça-feira (24) pelo crime de homofobia. “Além da esfera institucional, porque espero que a Câmara cumpra seu papel, eu também vou registrar ocorrência na esfera criminal”, afirmou.
“Rincão e o Brasil precisam de bons debates, de bons posicionamentos, especialmente, dos nossos políticos e autoridades. Estas pessoas precisam ser porta-vozes de políticas para gerar emprego e renda, combater a inflação e o alto custo de vida que o brasileiro está amargando, e não ficarem espalhando preconceito”, finalizou João Matheus.
FALA, VEREADOR
Procurado pelo acidade on, o vereador Antonio Benedito Balestere negou que a expressão utilizada seja homofóbica. “Garça não é uma palavra homofóbica. É uma ave de rapina que espera momentos oportunos para pescar o peixe”, justificou.
Ele disse que a denúncia é uma tentativa de cassá-lo politicamente. “Mas depois eu entro na Justiça. Isto não é palavra homofóbica coisa nenhuma. Eles vão ter que provar que garça é uma palavra homofóbica”, concluiu.