A situação financeira da Santa Casa voltou a ser tema de debate público, na última terça-feira (12). Desta vez, vereadores da Câmara de Araraquara pediram a realização de auditoria na gestão do hospital, referência no atendimento especializado na cidade e região.
Thainara Faria (PT) foi a primeira a abordar o assunto durante o Pequeno Expediente. A parlamentar relatou ter procurado o hospital com uma demanda da população e acabou bloqueada por um dirigente em aplicativo de mensagens.
“O que não pode é ter livre acesso a essa Casa de Leis quando quer ter dinheiro e bloquear as portas da Santa Casa quando queremos saber o que está acontecendo aí dentro. Ou resolvemos essa situação, porque queremos um hospital forte atendendo o povo, ou existem inúmeras possibilidades dentro de um sistema Constitucional que garantem atendimento público”, disse a parlamentar.
A correligionária Filipa Brunelli também abordou a necessidade de uma auditoria na Santa Casa. Ela fez críticas à gestão do hospital e considerou a situação de dificuldade para equilibrar receitas e despesas como “deplorável”.
“O caso da Santa Casa saiu das nossas mãos faz tempo. É questão de Justiça, o Ministério Público precisa intervir, o hospital precisa passar por uma auditoria, precisamos saber onde estão sendo investidos os recursos públicos, como está sendo feita a gestão, é impossível ficar nesse obscurantismo que está acontecendo, a população deve saber”, defendeu.
Na avaliação do presidente da Câmara, Aluísio Braz, o Boi (MDB), as instituições que recebem dinheiro público devem passar por auditoria para verificar como os recursos estão sendo gerenciados. O emedebista também concordou com Thainara e Filipa.
“Tudo o que envolve dinheiro público tem que ser auditado, isso não é demérito, é até bom, pois se teve erros no passado que sejam corrigidos, é simples. Só queremos o bem para as pessoas, se tem erros, que todos possamos consertar”, apontou.
O líder do Governo, Paulo Landim (PT) afirmou vir alertando sobre as dificuldades enfrentadas pela Santa Casa. Segundo ele, ainda há dificuldade com internações e procedimentos. Landim cobrou ainda transparência nas emendas destinadas ao hospital.
“Sou a favor da transparência, de auditoria independente na Santa Casa. Quem não deve, não teme. Faz uma auditoria, mostra os números, pois Araraquara é solidária. É dura, mas quando é chamada e vê transparência ela ajuda”, argumentou.
Na avaliação da vereadora Luna Meyer (PDT), é preciso ter um canal de comunicação direto entre os representantes do hospital e agentes públicos da cidade. Ela reforçou que a instituição é privada e que as informações estão fora do alcance dos vereadores.
“Não é hora de orgulho. Isso vale para a Prefeitura também. É hora de entender o que está errado, o que precisa ser corrigido e transformar isso em disputa política só faz a nossa cidade perder”, defendeu a parlamentar.
O vereador Marchese da Rádio (Patriota) aproveitou o assunto para alfinetar sobre a Comissão Especial de Inquérito (CEI) para verificar os gastos com a pandemia da covid-19. Ele também criticou a nota emitida pela Prefeitura informando repasse de recursos ao hospital.
“Todos querem auditoria. O próprio gestor do hospital falou-me que adoraria uma auditoria, pois seria possível colocar os pingos nos is e processar quem deve, pois estão xingando eles”, defendeu o parlamentar.
Marcos Garrido (Patriota) também se manifestou favorável à realização de uma auditoria das contas no hospital. Segundo ele, é preciso apurar a responsabilidade, visto que em sua avaliação, quem paga a conta é a população mais pobre da cidade.
“Sou a favor sim de uma auditoria urgente na Santa Casa, porque não sei quem é culpado, mas quem paga a conta é a população vulnerável. Agora, se a responsabilidade é da Prefeitura ou da Santa Casa, tem que ser investigado e o Ministério Público participar”, pontuou.
João Clemente (PSDB) disse ter refletido sobre as alternativas para solução do impasse criado em relação à Santa Casa. Segundo ele, algumas ações são carregadas de “desejos políticos” e considerou necessária à realização de uma auditoria no local.
“Não só uma auditoria, onde pensamos em apontar o dedo para a Santa Casa, porque é preciso que as pessoas entendam as responsabilidades jurídicas postas. E aquele hospital apesar de ser obrigado a atender dentro de sua realidade em certo momento a parte SUS ele é filantrópico e não pertence ao poder público”, disse.
Para o vereador Guilherme Bianco (PC do B) é preciso tomar decisões drásticas em relação à Santa Casa. Na avaliação do parlamentar, a briga política não interessa a ninguém e a “politização” da situação apenas penaliza a população que aguarda por atendimento.
“É importante que consigamos fazer uma auditoria para ver justamente onde está escorrendo o problema. Não é o caso de apontar o dedo, mas saber onde está escorrendo o dinheiro para conseguir recalcular a rota”, defendeu.
Tanto Clemente, quanto Bianco também reforçaram aos colegas de legislativo a necessidade de ampliar a discussão com os prefeitos de municípios vizinhos. Isso porque, a Santa Casa de Araraquara é referência para outros municípios que compõem a diretoria regional de Saúde.
O último a usar a palavra foi Hugo Adorno (Republicanos). O parlamentar apontou que existe uma “guerra” entre Prefeitura e Santa Casa e considerou que o Legislativo não pode julgar os interlocutores, mas sim pensar na solução para o impasse.
“Não estamos aqui para julgar quem é o culpado, porque quem está sofrendo é a população, são as pessoas que dependem do SUS, que vão para a emergência, estão gemendo de dor e isso nos deixa revoltado porque no meio dessa guerra a população está sofrendo”, finalizou.
Procurada, a Santa Casa não se manifestou até o fechamento da reportagem. Tão logo isso ocorra, o posicionamento vai ser incluído como atualização no conteúdo.