A nutricionista de Araraquara (SP) Julia Gabriela da Rocha, de 24 anos, descobriu que está vacinada contra a Covid-19 desde junho de 2020.
É que ela participou de um estudo sigiloso de testes das vacinas contra o novo coronavírus no Brasil devido à aprovação do imunizante de Oxford para uso emergencial, e agora houve quebra de sigilo dos estudos.
“Vacinada há mais de 6 meses e sem sinais de transformação pra jacaré”, brincou na postagem que fez em uma rede social comemorando o resultado.
O termo ‘jacaré’ foi usado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em dezembro do ano passado ao ser referir aos eventuais efeitos colaterais após aplicação do imunizante da Pfizer.
A vacina da Pfizer foi aprovada em uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro. O imunizante ainda não foi aprovado para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência concedeu o Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) à farmacêutica.
Até agora, a Anvisa concedeu aprovação de uso emergencial a duas vacinas: a CoronaVac e a de Oxford.
VOLUNTÁRIA
Júlia é formada em nutrição pela Unicamp e está fazendo residência no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde foi um dos voluntários para os estudos da vacina de Oxford, tomando a primeira dose em 28 de junho e a segunda em 1º de setembro.
“Eu gosto muito de saúde pública e de pesquisa e vejo o quanto é necessário ter voluntários nas pesquisas para a gente poder ter embasamento e ter novas descobertas na área da saúde. Achei o máximo participar, para mim é um marco da saúde pública.”
Ela recebeu a notícia que havia recebido a vacina e não placebo na última sexta-feira (22). Os resultados dos testes estão sendo divulgados aos voluntários aos poucos, com agendamento.
Mesmo sabendo que está imunizada, Julia pretende continuar seguindo as precauções e os cuidados para evitar o contágio e a disseminação do coronavírus.
Por trabalhar em um hospital, ela ficou nove meses sem ver a família em Araraquara, mesmo perdendo uma avó com Covid-19, no ano passado. Ela só reviu seus parentes em dezembro após fazer um isolamento nas férias.