Em praticamente um mês, Araraquara registrou o maior e o menor número de casos de covid-19 do ano. Pela terceira semana consecutiva, o total de registros está em queda.
No dia 21 de janeiro, a cidade registrou o número mais elevado de toda pandemia, com 1.903 novos casos em um único dia. Já nesta terça-feira (22), foram 101 confirmações menor número do ano, voltando a patamares de dezembro. A redução no período foi de 94%.
Atualmente, a taxa de contaminação pelo Coronavírus está em 0.86, em Araraquara. Na prática, o número indica desaceleração, já que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 86.
Na avaliação do fisiopatologista e pesquisador do Instituto Adolfo Lutz, Vitor Engrácia Valenti, esta é uma característica da variante Ômicron: pico muito rápido de transmissão, seguido de redução intensa de casos, internações e óbitos.
“Isto tem relação com vacinação”, defende. “Muitas pessoas estão vacinadas, muitas pessoas pegaram a doença também. Têm pesquisas apontando que quando a pessoa pega a covid-19, mas se vacina, ela atinge o melhor nível de proteção possível”, completa.
Segundo ele, a tendência é que a doença continue perdendo força, mas é preciso ficar atento com o outono e o inverno, em que é comum o aparecimento de doenças infecciosas respiratórias.
O médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Alves Souto, fala em imunidade coletiva, diante do grande número de pessoas infectadas em um curto espaço de tempo. Mesmo assim, o especialista aponta subnotificação de casos.
Segundo ele, o país enfrenta duas epidemias simultâneas: uma entre pessoas sadias e vacinadas, e outra entre não vacinados e com comorbidades.
“Entre pessoas vacinadas e sadias, a epidemia deverá cair muito. Entretanto, no outro público, ela deverá permanecer de forma mais endêmica”, explica.
O médico lembra que a imunidade desenvolvida pelo corpo permanece por seis meses, por isso é preciso continuar com todos cuidados, agora, para manter a doença sob controle.
A secretária municipal de Saúde, Eliana Honain, destaca que a redução pode ser atribuída ao grande número de pessoas já infectadas, associado à vacinação. Segundo ela, não há subnotificação na cidade, porque qualquer pessoa é testada, inclusive, os assintomáticos.
“Este também é um dos fatores para a redução de casos: a ampla testagem. Testando e positivando, a gente consegue colocar a pessoa em isolamento e romper o ciclo de transmissão do vírus”, finaliza.