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SaúdeCoronavírusConheça as teorias sobre a origem da nova cepa em Araraquara

Conheça as teorias sobre a origem da nova cepa em Araraquara

Da Van de Manaus ao fluxo de caminhões e festas de final de ano, especialistas comentam sobre as possíveis entradas da cepa de Manaus, a P1 em Araraquara

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Vista de Araraquara do Aeroporto  (Foto: Amanda Rocha)
Muito já foi falado e especulado sobre a origem da nova cepa de Manaus em Araraquara, a chamada P1. 

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Mais agressiva e com transmissão muito mais rápida, causou colapso na saúde de Araraquara, levando as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e enfermarias a 100% da capacidade neste mês fevereiro. 

Um lockdown total entrou em vigor no dia 21 de fevereiro, sendo prorrogado até o dia 27 de fevereiro. 

A cidade acompanhou o trágico aumento de mortes no começo de 2021 ultrapassar todos os óbitos de 2020. 

Foram 92 mortes no ano passado, e só nos dois meses de 2021 Araraquara já contabiliza 105 vidas perdidas até a data sexta-feira (26). 

Em janeiro foram 24 óbitos, e em fevereiro 81 óbitos, com mudança no perfil e faixa etária: jovens de até 30 anos sem comorbidades também perderam a vida. 

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Uma triste realidade e uma cidade enlutada. Mas como a nova variante do coronavírus chegou na Morada do Sol? 

Em dezembro a cidade ainda tinha “controle” sobre a situação com leitos ainda de enfermaria e UTI disponível. 

Por exemplo, no dia 25 de dezembro, Araraquara estava com 22% em leitos de enfermaria e 25% de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tanto pública como privada. 

Segundo dados do Boletim de Contingência do Coronavírus, foram 13 óbitos em dezembro de 2020. 

ESTOPIM
As festas de final de ano, aglomerações e visitas somadas as viagens podem ter sido o estopim para o aumento de casos e mortes nos primeiros meses de 2021. 

Esta ideia é defendida pela enfermeira responsável da Vigilância Epidemiológica, Fabiana Araújo. 

FESTAS E VIAGENS
Fabiana acredita que o período em que a curva de contaminação da nova variante do coronavírus começou a acelerar, em janeiro, coincide com a movimentação das pessoas nas festas de final de ano. 

Janeiro já fechava como o pior mês da pandemia, em um ano que acabava de começar. 

Com 24 óbitos, correspondendo a 20% do total da pandemia, e com o recorde de 11 mortes em uma semana (do dia 25 ao dia 31), mudava também o perfil das vítimas: jovens de 27 e 30 anos sem comorbidades perderam a vida. 

“Muitas pessoas receberam visitas nas festas de final de ano e acreditamos que tenha entrado por aí, e esse tempo entre festas de dezembro e janeiro foi o tempo em que as pessoas começaram a contaminar outras, e tivemos esse boom de números de casos com taxa de transmissão elevada”, reforça. 

Outra possibilidade é da nova cepa ter sido trazida por visitantes da época nessas festas em Araraquara. 

“Apesar destas visitas terem sido exaustivamente desestimuladas, aconteceram em grande escala no município”, frisa. 

FÉRIAS
Viagens de férias para outros estados e cidades de estado também podem ter sido um fator para o aumento de casos, já que a variante foi detectada em outros estados brasileiros. 

O médico sanitarista Rodolfo Telaroli, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara, diz que até momento não é possível identificar a origem dos casos provocados pela nova cepa de Manaus da covid-19 em Araraquara. 

“Existem algumas possibilidades a serem avaliadas mas só teremos certeza absoluta quando ficarem prontas as provas de biologia celular que estão sendo realizadas nos serviços especializados da área fora da cidade”, explica. 

VAN DE MANAUS
Algumas teorias se espalharam por Araraquara sobre a disseminação da nova cepa de Manaus. No dia 11 de janeiro, uma van com 10 turistas vindos de Manaus parou em Araraquara para buscar socorro.  O motivo, uma das viajantes estava com covid-19.

O grupo tinha saído de férias de Manaus no dia 26 de dezembro e percorreu alguns estados brasileiros.  

Próximo de Araraquara, uma das integrantes passou mal e o grupo parou na UPA da Vila Xavier. Sete acabaram sendo positivados com covid-19. 

Uma das integrantes, uma mulher de 45 anos, foi internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa.  

Van de Manaus gerou discórdia entre araraquarenses, turistas de Manaus retornam à terra natal em 22 de janeiro (Foto: Amanda Rocha)

O restante do grupo, incluindo duas crianças de 8 e 13 anos também foram atendidos, no Pronto Socorro do Melhado e no Hospital da Solidariedade. 

Três deles deram negativo para o exame da covid-19 e dormiram na van, que ficou estacionada em frente a UPA da Vila Xavier. 

Em entrevista à rádio CBN Araraquara em janeiro, um dos integrantes negou que saíram doentes de Manaus para procurar ajuda em Araraquara. 

Ele acredita que se contaminaram durante a viagem, provavelmente no Rio de Janeiro, local onde passaram o ano novo e ficaram por mais dias. 

O grupo foi monitorado e ficou em quarentena até serem liberados no dia 22 de janeiro, retornando a capital amazonense.
A enfermeira Fabiana Araújo, contesta a versão popular que a van de Manaus disseminou a nova cepa. 

Ela explica que na mesma data em que chegaram, dia 11 de janeiro, a média móvel de casos na cidade estava acima do pico registrado em 2020, e que a realização de exames é coletada entre o 3º e 5 º dia de sintomas. 

“Em relação às teorias levantadas para a “entrada” do vírus no município de Araraquara, o que se pode constatar é que, os sinais de aumento de casos, ou seja, a média móvel acima do pico registrado em 2020, passaram a ser observados a partir de 11 de janeiro. Lembramos que a confirmação e divulgação dos casos ocorre após a realização de exames que em geral são coletados entre 3º e 5º dia de sintomas, o que indica que os casos confirmados nesta época tiveram sua contaminação provável em torno de 5 a 14 dias anteriores”, afirma. 

Outro ponto levantado pela enfermeira é sobre a data do início dos sintomas das primeiras 12 pessoas de Araraquara positivadas com a nova cepa, por volta do dia 20 de janeiro. 

“A contaminação dessas pessoas ocorreu por volta do dia 13 de janeiro, uma semana antes, próxima a data que a van chegou. Não tem como a van chegar em um dia e espalhar o vírus por várias regiões da cidade”, frisa. 

Segundo Fabiana, as pessoas positivadas com a nova cepa moram em bairros diferentes da cidade e não tem ligação entre si, apenas duas pessoas são da mesma família. 

Ela informa que os turistas fizeram exames de sequenciamento do vírus para identificação da linhagem, porém foram inconclusivos. 

“Alguns integrantes da referida van também nesta data foram submetidos a testes para sequenciamento do vírus a fim de identificar a linhagem, no entanto os resultados foram inconclusivos pois não se verificou presença suficiente de vírus nas amostras coletadas para a realização do sequenciamento”, diz. 

Rodolfo Telarolli avalia que não existe nada de definitivo a respeito do contágio ter vindo do grupo de turistas de Manaus. 

FLUXO DE CAMINHÕES
O médico tem outra opinião a respeito da transmissão da nova cepa: o grande fluxo de mercadorias da zona franca de Manaus e caminhões na cidade, já que Araraquara é polo regional de distribuição de diversos produtos. 

Araraquara está localizada estrategicamente no estado e tem grande circulação de veículos de carga, seja recebendo produtos ou exportando, como as laranjas. 

“Araraquara é um polo regional de distribuição dos mais diversos produtos, então recebe mercadoria da Amazônia – da zona Franca e depois distribui pra outros locais e por outro lado, Araraquara é fonte de origem de vários produtos da agro indústria, açúcar, álcool, laranja, suco e outros produtos elaborados no município e região”, frisa. 

Porém, ele reforça que só quando as provas de biologia celular – espécie de impressão digital do vírus – ficarem prontas é que vai ser possível saber exatamente como essa variante chegou até o nosso município. 

Enquanto isso a única saída é o isolamento social, imposto pelo lockdown. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda também usar duas máscaras ao invés de uma para o enfrentamento da nova cepa: uma cirúrgica e uma de tecido. 

Essa tática tem eficácia de até 90% para barrar a mutação do temível vírus enquanto aguardamos a vacinação.

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