Um estudo publicado no Jornal da Sociedade Americana de Nefrologia apontou que pacientes que tiveram Covid-19 leve ou moderada têm 23% mais chances de desenvolverem problemas nos rins, se comparados a aqueles que não foram infectados.
Segundo o nefrologista Henrique Carrascossi, esse grau da doença é capaz de acelerar consideravelmente a falência renal, especialmente em pessoas que já tem alguma comorbidade.
Dados da publicação mostram que a cada 10 mil pessoas com quadros leves ou moderados de covid-19, uma média de 7,8 pacientes precisam de diálise ou transplante de rim. Um número que multiplicado pelos casos globais pode acarretar o desenvolvimento de incontáveis quadros renais em estágio final.
“Estima-se que as pessoas percam cerca de 1% da função renal anualmente a partir dos 35 anos de idade, portanto, alguém de 90 anos já perdeu, só pela idade, em torno de 50% de seu desempenho. Com a presença do coronavírus, esse 1% pode se tornar até 30% no mesmo intervalo de tempo”, explica o especialista.
Um processo que ainda deve ser analisado pelos próximos anos a fim de entender o real impacto da pandemia. “Pois a covid leve ou moderada pode afetar os rins de forma assintomática, refletindo em complicações somente durante a velhice, o que resulta em uma soma de perda renal pela covid e pela idade”, alerta Carrascossi.
No que diz respeito às variantes, o nefrologista comenta que embora ainda não tenhamos muitos estudos sobre o assunto, acredita-se que as lesões renais devem se manter iguais a do vírus original. “Um efeito que também deve se mostrar semelhante com a Influenza H3N2, seguindo as consequências da H1N1, que também resultou em pacientes graves que hoje precisaram de tratamento dialítico.”