Maria Paula Cassia Silva, de 55 anos, mãe da jovem Thainá Cassia, de 26 anos, que perdeu a vida para a covid-19, ainda está sem acreditar em tudo o que aconteceu.
Ela conta que a evolução da doença na sua filha foi rápido e que o sistema de saúde foi negligente, porque mesmo com a saturação baixa, a jovem não foi internada.
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“Ela começou com os sintomas no sábado (23), fez o exame no domingo (24) e confirmou na segunda-feira (25). Na quinta-feira (28) foi para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) pela primeira vez. A saturação dela estava 80, ela passou pelo médico e foi liberada. Na sexta-feira (29) eu fui com ela na UPA, a saturação estava 75 e ela já estava com muita dificuldade para andar, mas deram medicação e liberaram. No sábado (30) a noite, quando retornamos para a UPA, ela não andava e não falava. Já começaram a preparar ela para a transferência, mas me falaram que não tinha vaga. Na madrugada, o médico disse que ela não ia sobreviver sem UTI, foi um desespero”, relata.
Maria Paula diz que a filha teve uma parada cardíaca na manhã de domingo (31) e morreu. “Foi um desespero. O médico chorou junto comigo. Perdi minha filha”.
“Na quinta e na sexta, se ela tivesse sido internada, talvez desse para salvar ela. A vida dela foi perdida porque negligenciaram”, reforça a mãe.
SATURAÇÃO
A mãe reforça que a saturação da Thainá estava baixa já na quinta-feira e mesmo assim não teve o pedido de internação. “Não estava indo oxigênio para os pulmões, ela estava com muita falta de ar. Eu não sou médica, mas qualquer pessoa sabe disso”.
Além disso, a mãe conta que a filha tinha diabetes desde os 10 anos e tomava insulina. “Ela tinha comorbidades”.
A saturação do oxigênio no sangue é um parâmetro vital para definir o índice de oxigênio do sangue e a entrega do oxigênio. Para adultos, a escala normal do SaO2 é 95 – 100%. Um valor mais baixo de 90% é considerado a baixa saturação do oxigênio, que exige o suplemento externo do oxigênio.
UMA VIDA PELA FRENTE
A mãe de Thainá conta que a filha era muito inteligente e tinha planos de ser promotora. “Ela terminou a faculdade de direito e só falava nisso. Ela ia ser promotora porque era muito inteligente”, diz.
Carinhosa e sempre preocupada com a família Thainá deixa um buraco na vida da Maria Paula e de toda a família. “O pai, nossas outras filhas. Estamos arrasados, não pudemos nos despedir”, relata.
“Só quero ter forçar para lutar, quero que isso não aconteça com outras famílias. Eu deveria ter brigado mais pela minha filha, brigado pela internação, mas fiz o que eu pude. Agora só quero que isso não ocorra mais, que outras pessoas não morram por falta de vagas”, finaliza.
O QUE DIZ A PREFEITURA
“A paciente Thainá Cássia, diabética, deu entrada na UPA da Vila Xavier por volta das 19h30, no sábado (30), tendo sido imediatamente atendida, já que ela estava positivada para coronavírus e seguia o tratamento em casa, sem complicações. A equipe médica constatou baixa saturação e, diante do quadro que se agravou no período, imediatamente acionou a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), órgão responsável pela regulação de leitos. Enquanto aguardava um retorno, encaminhou a paciente para a Sala de Emergência, que possui estrutura de UTI, já que houve a necessidade de intubação. Durante esse período, ela sofreu uma parada cardíaca e, diante da gravidade, os médicos consideraram mais seguro mantê-la intubada, na UPA VX, até que o quadro se estabilizasse e ela pudesse ser transferida para a UTI do Hospital de Solidariedade, com segurança, onde havia vaga para sua internação. Infelizmente, ela sofreu a segunda parada cardíaca e faleceu neste domingo, por volta das 11 horas”, diz a nota da Prefeitura.
Sobre a questão da saturação da jovem e da procura por ela pela UPA anteriormente, a Secretaria de Saúde irá apurar os fatos.
