A falta de previsão para a imunização dos menores de 18 anos, principalmente em associação à volta às aulas e ao estudo híbrido, tem trazido preocupação aos pais e responsáveis. Ainda sem resultados comprovados, as vacinas aprovadas para uso no Brasil ainda não tem conclusão de eficácia e segurança neste público.
Segundo a pediatra Dra. Andreza Juliani Gilio, a falta de priorização de crianças e adolescentes acontece porque – diferente da pandemia de H1N1 em 2009, quando houve muitas hospitalizações e óbitos -, a maioria dos casos de infecção pelo novo coronavírus neste grupo é leve ou assintomática.
“Dessa forma, quando foram feitas as primeiras investigações sobre os imunizantes foi importante direcionar todos os esforços para vacinar os grupos com maior taxa de letalidade, como é o caso dos adultos e idosos, enquanto os testes em crianças só foram iniciados mais recentemente”, explica.
Algumas das vacinas em negociação ou em aplicação no Brasil (Coronavac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer) já estão realizando testes na faixa etária pediátrica. “São testes clínicos que levam tempo, além de uma certa dificuldade em encontrar voluntários, então estima-se que os estudos e, consequente, a vacinação das crianças ocorra mais próximo do final do ano”, diz Dra. Andreza.
A pediatra ainda afirma que o ideal seria possuir vacinas para toda a população, mas enquanto isso ainda não é uma realidade possível, é preciso vacinar o maior número de pessoas que já se encontram aptas a receber os imunizantes, pois diminuindo a circulação do vírus, a chance das crianças – que já são um grupo de baixa infecção – se contaminarem é ainda menor.
RISCOS DA VACINAÇÃO PARA CRIANÇAS
Em abril, 28 crianças de Itirapina receberam por engano a vacina contra a Covid-19 quando se dirigiram às unidades de saúde para se imunizarem contra a gripe. Dra. Andreza explica que a gravidade desses eventos está sendo observada, pois a falta de estudos conclusivos sobre a aplicação em menores impossibilita uma avaliação imediata de possíveis eventos adversos.
“Também precisamos levar em conta que as doses utilizadas em crianças devem ser diferentes e até menor do que a aplicada em adultos. No caso de Itirapina, o erro é ainda mais complexo, já que foi aplicada uma dose estipulada para a vacina da gripe. Talvez não haja nenhum problema, mas não temos outra opção a não ser acompanhar”, comenta.
Para a pediatra, não é zero o risco de erro humano, então é importante que haja uma conscientização e um esforço coletivo a fim de conferir todas as etapas de vacinação e que os riscos de imunizantes trocados ou mesmo divergências de aplicação entre farmacêuticas, na primeira e segunda dose, não aconteçam.