A liberação do uso de máscaras em todos os ambientes, com exceção do transporte público e locais destinados à prestação de serviços de saúde vêm dividindo opiniões em toda a região. Em Araraquara, a Prefeitura ainda vai decidir se segue ou não o decreto estadual.
Na última quinta-feira (17), o governador João Doria (PSDB) publicou decreto tornando opcional o uso do item em ambientes como escritórios, comércios, salas de aula, academias, entre outros. As únicas exceções são transporte público e serviços de saúde.
A decisão estadual é considerada por especialistas como precipitada. Para o médico epidemiologista e professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Alves Souto, a medida ainda é precoce e arriscada.
“Dizer que não precisa usar máscara nem mesmo em lugar fechado é assumir que não existe mais risco de alguém pegar covid, ou até mesmo morrer, ou que esse risco é desprezível. Isso não é verdade, em todos os Países que fizeram isso recentemente a curva epidêmica voltou a crescer, pois, ainda tem muita gente vulnerável na população e essa medida de suspensão do uso de máscara ainda poderá acumular mais mortes evitáveis por covid”, considerou.
Para o professor, os indicadores de controle da pandemia ainda não foram alcançados e a situação é de instabilidade.
“A covid voltou a subir no mundo nos últimos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a América Latina ficar atenta com isso, exatamente porque os governos por aqui estão tratando a pandemia como se ela tivesse acabado.
Portanto, o mais seguro é que todos continuem usando máscaras de modo rigoroso, seja em lugares abertos ou fechados, mantendo o distanciamento físico, tomando todas as doses recomendadas da vacina e não façam aglomerações até que a situação se estabilize um pouco mais”, defendeu.
Em entrevista à EPTV Central, o médico pneumologista Flavio Arbex falou sobre o assunto e considerou necessário fazer algumas ponderações.
“Essa é uma questão que precisa ser discutida. É claro que todos nós queremos nos ver livre das máscaras, mas algumas ponderações devem ser feitas: uma é que ainda existe certo platô do número de casos e mortes, não existe uma queda franca como gostaríamos de ver, segundo, o tempo entre a flexibilização em ambientes abertos e fechados, ele publicou isso no dia 9 de março, então é um tempo ainda curto para se avaliar isso e terceiro será que não devia ser feito de forma escalonada em ambientes fechados para analisar se isso vai ter repercussão ou não? São algumas coisas que precisam ser discutidas”, pontuou.
Arbex também destacou a importância da vacinação e da manutenção dos cuidados, sobretudo para grupos mais vulneráveis ao vírus.
“Precisa vacinar as crianças, quem não tomou a sua segunda dose, a dose de reforço, acredito que isso é importante para conseguirmos manter essa estabilidade e redução dos casos, e as pessoas que são idosas, ou imunossuprimidas valesse a pena manter uma proteção maior”, considerou.
USO DE MÁSCARAS NA REGIÃO
Com o anúncio feito pelo governador, municípios da região de Araraquara já se manifestaram se vão ou não seguir a determinação sobre o uso facultativo de máscaras de proteção facial. Américo Brasiliense, Matão, Boa Esperança do Sul e Trabiju já dispensaram o item.
Em Araraquara, o Comitê de Contingência do Coronavírus do Município e o Comitê Científico estão reunidos para deliberar qualquer alteração no decreto municipal. Enquanto isso não ocorre, fica mantida a legislação municipal vigente.
A cidade de Nova Europa manteve a obrigatoriedade de máscara com total proteção sobre o nariz e boca em espaços públicos, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e demais atividades, conforme determina o decreto municipal 1.235, publicado em 4 de janeiro.