Araraquara pode chegar a imunidade de rebanho (coletiva) para o coronavírus até o final deste ano, caso mantenha o atual ritmo de vacinação. A informação é do pesquisador da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), Vitor Valenti.
“Sendo realista nesta velocidade que está a vacinação em Araraquara, talvez em dezembro de 2021 se chegue a imunidade de rebanho. Em uma projeção mais pessimista, em abril de 2022. Mas, ideal seria que ritmo de imunização acelerasse, não só em Araraquara, mas em todo o País, principalmente, para evitar novas mutações do vírus”, diz Valente, em entrevista ao Manhã CBN.
O pesquisador explica que, a imunidade de rebanho ou imunidade coletiva é um conceito aplicado para saber como é a efetividade de vacinas.
Em uma cidade com 238 mil habitantes, como Araraquara, a imunidade coletiva pode se dar quando a vacinação atingir 166 mil pessoas, ou seja, 70% da população. “Com a maior parte vacinada, a minoria (não vacinada) também fica mais segura”.
Segundo dados do Governo do Estado, até o último dia 5 de maio, Araraquara aplicou 77 mil doses, sendo que 48 mil pessoas tomaram a primeira dose e 29 mil tomaram as duas doses necessárias, tanto para a Coronavac como para a Oxorfd.
INFECTADOS
Além da vacinação, para a imunidade de rebanho leva-se também em consideração o número de pessoas que já foram infectadas com a doença. No caso da covid-19, modelos matemáticos para a imunidade coletiva levam em conta a comunidade que de certa forma desenvolveu anticorpos para a doença.
Levando em conta este parâmetro, em Araraquara, são 18,4 mil pessoas que já foram infectadas. O pesquisador lembra que, quem teve covid-19 tem menos chances de se contaminar novamente. “Apesar de sabermos que a recontaminação existe e está ocorrendo, mas as chances são menores. Um estudo recente mostra que nesta segunda onda, 30% dos infectados já tinham tido covid-19 na primeira onda”, diz ele.
Atualmente, em Araraquara entre pessoas infectadas e vacinadas com as duas doses da vacina são 19% da população.
“Estudos que estão sendo feitos em Israel, país com a vacinação bem acelerada, mostram que a eficácia da vacina se dá também em uma menor transmissão do vírus e isso é muito importante”, diz ele.
DURAÇÃO
Valenti explica ainda que a pandemia deve durar um tempo e depois, nos próximos anos, se tornar uma endemia, ou seja, vamos seguir tendo a doença, conviver com ela, mas graças a vacinação, de uma forma mais tranquila, como hoje temos a gripe. “As pessoas morrem de gripe atualmente, mas é uma doença do nosso convívio”, reforça.
Outro ponto que ainda deve ser levantado, segundo o pesquisador é a duração da vacina. “Lembramos que os primeiros testes foram feitos ano passado, então estamos completando um ano ainda, muitos estudos devem ser feitos neste aspecto para determinar o prazo que a imunização dura e como serão as próximas vacinas”, finaliza.