No dia 18 de março, o uso de máscara em ambientes fechados e abertos deixou de ser obrigatório, em Araraquara. Um mês depois, o número diário de novos casos de covid-19 continua baixo e em queda.
Mesmo assim, nas ruas ainda é possível encontrar pessoas que não abrem mão da proteção. É o caso da vendedora Sara de Oliveira, de 22 anos.
“[Eu utilizo] Por segurança, medo do vírus que ainda está circulando por ai. Em lugar de muita movimentação, como supermercados, eu ainda utilizo. Eu me sinto mais segura com a máscara e com a vacina também”, afirma.
A costureira, Adeli do Vale, 54, e o marido não saem de casa sem a máscara. O casal tem comorbidades e teme ser infectado pelo coronavírus. Além da proteção, eles não descuidam da higiene das mãos.
“Só tiro em casa. Na rua continuo usando, no mercado eu uso, lugar fechado eu uso, para trabalhar eu uso. Eu prefiro”, detalha a costureira.
Para o pesquisador da Unesp, Vitor Engrácia Valenti, o Brasil deve repetir o cenário observado na Inglaterra, em que a gripe comum já apresenta mais gravidade do que a covid-19. Porém, mesmo com otimismo, é preciso ter cautela.
Ele cita um alerta do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos em que as flexibilizações precisam estar acompanhadas de alguns critérios, como ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) menor que 5%, menos de 3% de resultados positivos para a doença e uma média móvel menor que 10 casos para 100 mil habitantes.
“A gente percebe que, em algumas cidades do Estado de São Paulo, estes critérios ainda não foram concluídos. Estamos começando a entrar em climas que favorecem a transmissão de outras doenças respiratórias, comuns no outono e inverno. Então, neste momento ainda é preciso ter cuidado em locais fechados, sem circulação de ar, e com aglomeração”, explica.
CENÁRIO POSITIVO
Os números mostram que os casos de covid-19 se mantiveram baixos mesmo com a flexibilização, em Araraquara.
Nas quatro semanas que antecederam a liberação, foram aproximadamente 3 mil registros da doença. Nas quatro semanas seguintes, houve pouco mais 1,2 mil confirmações. Ou seja, uma queda de 59%.
Após três dias zerados, a cidade voltou a registrar uma internação em leito de UTI, no último domingo (17). Por outro lado, não há mortes há 20 dias, segundo a atualização mais recente do Comitê de Contingência do Coronavírus.
Para a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain, ainda é prudente o uso de máscara mesmo diante da liberação. “Os números não caíram consideravelmente para a gente poder tirar totalmente as máscaras. Hoje é livre, não é obrigatória, então, é da consciência de cada um”, afirma.
“Eu, enquanto secretária de Saúde, recomendo a utilização da máscara”, concluí.
É o que servidor público, Flávio Alves Junior, 51, pretende continuar fazendo. “Utilizo porque não tenho confiança de deixar de usar. Acho que ainda não estamos preparados. Então, eu uso como forma de prevenção mesmo. Sempre que eu vou ter que me relacionar, me aproximar de alguém, eu utilizo”, explica.
ALIADO
Inevitavelmente, os especialistas atribuem este cenário animador a cobertura vacinal.
Em Araraquara, mais de 570 mil doses de vacina contra a covid-19 já foram aplicadas. Sendo que mais de 212 mil pessoas concluíram o esquema vacinal com as duas doses ou a dose única. Até o momento, 140 mil doses adicionais já foram aplicadas.