* ATUALIZAÇÃO 10/05 às 21h14 para incluir posicionamento da Prefeitura de Araraquara, que nega ausência de EPIs nas unidades de Saúde
O Ministério Público do Trabalho (MPT) apura denúncia sobre falta de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) aos profissionais de Saúde de Araraquara.
A denúncia, oferecida pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (Sismar), afirma que a administração municipal não oferece luvas adequadas.
No documento apresentado ao MPT, os representantes da categoria apontam ainda que há apenas luvas disponíveis no tamanho G, o que obrigaria profissionais a adaptar o uso.
“Os diretores do sindicato estão fazendo a fiscalização, indo aos postos de saúde, as UPAs e chegou a reclamação dessa falta de luvas e verificamos que realmente estava em falta nos tamanhos PP, P e M. O pessoal estava adaptando e amarrando com elástico para fazer os procedimentos e atendimentos à população”, explica Edgar Fernando Cerva, diretor do Sismar.
O líder sindical explica que a situação foi verificada em unidades básicas de Saúde, unidades de pronto atendimento (UPAs) e no hospital de campanha, que atende pacientes com covid-19.
Já Isabel Dias, também dirigente do Sismar, explica que a maior parte dos servidores que atuam na saúde são mulheres e necessitam de tamanhos menores de luvas.
Segundo ela, além da falta de variação no tamanho das luvas, também há falta do EPI para servidores que comprovam ter alergia ao talco usado nelas.
“Ocorre que a Prefeitura não estava mais comprando luvas e não fornecia luva sem talco, que é para servidores alérgicos, pois temos na rede pessoas que possuem alergias sérias ao pó das luvas”, afirma.
Isabel Dias afirma ainda que a falta das luvas adequadas podem causar acidentes tanto para profissionais, quanto para os pacientes que são atendidos na rede pública de Saúde.
“Podem ocasionar acidentes sérios, pois podem enroscar quando for fazer um procedimento, causar uma perfuração na hora de pulsionar abocath, ou fazer, por exemplo, um curativo, ou na hora de colocar uma máscara. Pode causar um sério risco aos funcionários se a luva não tiver o tamanho adequado”, defende.
De acordo com o relato da líder sindical, ao procurar a Prefeitura, a justificativa apresentada para falta de EPIs foi o aumento significativo nos preços dos produtos no mercado.
“A justificativa que tivemos é que o preço subiu muito e nesses termos a Prefeitura se negou a comprar. É justo, não? Tem gente enriquecendo com essa questão? Tem. Não dá para colocar em risco a vida do trabalhador que está na linha de frente para salvar as pessoas. Isso é inaceitável”, desabada.
Os representantes do Sismar ressaltam que a falta de EPIs na rede de Saúde municipal é recorrente e que aguardam decisão do MPT para garantir a segurança do trabalhador.
“Essa não é a primeira vez, mas agora a situação é ainda mais grave. Tem uma ação que correu e a Prefeitura foi obrigada a indenizar os funcionários por colocar a vida deles em risco, ou seja, é recorrente e, agora, se tornou mais séria”, finaliza.
Procurado, o MPT confirma a abertura de inquérito civil, porém, afirma que só se posicionará ao final da apuração.
Em nota, a Prefeitura de Araraquara informa que não há, de forma alguma, falta de luvas e demais insumos e EPIs nas unidades de atendimento da Saúde Municipal. Destaca ainda que essa informação será apresentada e comprovada com documentos junto ao Ministério Público do Trabalho.