Sempre que uma pessoa que já foi vacinada pega covid-19, surge uma dúvida: A vacina não é eficaz? Se as pessoas continuam pegando a doença mesmo após as duas doses da vacina, quando vamos poder “voltar ao normal”, sem máscaras e distanciamento social? O pneumologista Flávio Arbex, de Araraquara, soluciona essas dúvidas.
De acordo com o pneumologista, as vacinas contra covid-19 protegem contra as formas graves da doença. “Elas protegem você de ir para UTI (Unidade de Terapia Intensiva), de morrer, de ser internado, mas você ainda pode ter uma doença mais leve. Essa é a principal função da vacina, proteger contra formas graves, esvaziar as UTI e evitar mortes”, explica.
Ele ressalta que ainda existe a chance de a pessoa que já foi vacina pegar covid-19 e a doença evoluir para forma mais grande, mas as vacinas diminuem muito essa possibilidade. “É por isso que as vacinas são a salvação dessa pandemia. Pegar covid-19 estando vacinado não significa que a vacina não funciona”, esclarece.
Flávio faz uma comparação com a vacina da gripe, que não impede que as pessoas vacinadas peguem gripe, mas costuma ser menos frequente e mais leve. “O grande perigo é o que Brasil continua com um número alto de casos, não somos como outros países que diminuíram a taxa de transmissão enquanto a vacinação avança”, diz.
Como o Brasil tem uma taxa de transmissão alta, com muitos casos novos todos os dias, e uma pequena parcela da população vacinada, ainda é preciso continuar usando máscaras, mantendo o isolamento social e reforçando a higiene das mãos. “Os hospitais estão cada vez mais cheios, não é hora de pensar em voltar ao normal”, ressalta.
Na semana passada, Araraquara bateu o recorde de pessoas contaminadas e a ocupação dos leitos de UTI no SUS (Sistema Único de Saúde) chegou a 100%, deixando a cidade mais próxima de um novo lockdown. “Estamos em uma situação de atenção, os números são crescentes”, diz.
Para o pneumologista, só será possível “voltar ao normal” depois que mais de 70% da população esteja vacinada e a transmissão da doença diminua. “Nesse cenário, por mais que o vírus ainda circule, será em uma proporção menor, como uma gripe ou resfriado comum”, finaliza. Até o momento, aproxidamente 15% da população de Araraquara tomou as duas doses da vacina, mas esse número cai para uma média de 12% quando se trata do Brasil inteiro.
