O Observatório Covid BR emitiu um alerta de internações de doenças respiratórias no estado de São Paulo. O gráfico mostra que em setembro os casos suspeitos de covid-19 caíam, mas a partir de dezembro essa curva voltou a crescer.
A reportagem conversou com a doutora em saúde coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do Observatório covid-19, Brigina Kemp. Ela falou desse cenário e reforçou que não são casos só do coronavírus.
“Estamos dando um alerta do aumento de casos de doenças respiratórias. Não necessariamente covid, a questão é que foi observado um aumento grande repentinamente. Vinhamos notando um declínio dos casos de covid, observando as internações e agora notamos que em determinado momento tem uma inflexão da curva, apontando um crescimento exponencial”, apontou.
A pesquisa disse que existe um agente infeccioso responsável por esse crescimento e surgem duas possibilidades: a variante Ômicron e a variante H3N2 da Influenza.
“Pode ser, por exemplo, a entrada da Ômicron, pois esse tempo de duplicação é compatível com o que está sendo observado em outros países, então pode ser covid e uma nova variante, pode ser influenza, pois estamos vendo vários lugares com a Influenza H3N2, um subtipo do vírus da gripe e nesse momento foi detectado ser o H3N2”, afirmou.
A vacina do H3N2, chamada Darwin, deve chegar entre fevereiro e março do ano que vem.
O fisiopatologista da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e pesquisador do Instituto Aldofo Lutz, Vitor Engracia Valenti, teme esse tempo de espera para chegada das vacinas aumente o número de doentes, favoreça novas variantes e sobrecarregue o sistema de saúde.
“As campanhas de vacinação tipo A e B, que incluem o H3N2 ou H1N1, todo ano elas iniciam no fim do outono, lá para o fim de março ou abril e nesse contexto atual o que aconteceu de diferente é que o surto está aparecendo justamente no fim da primavera e começo de verão”, pontou.
“Isso vai causar uma demanda para que as campanhas sejam antecipadas e, considerando a infraestrutura do SUS, também que já está ocorrendo uma campanha de vacinação em massa contra a covid, vai demorar um pouco para que a vacinação contra a Inluenza seja iniciada. E esse atraso pode causar um aumento de casos de H3N2, pode também colaborar para aumento de algumas variantes que podem dificultar o efeito das vacinas”, completou.
O especialista explicou que a produção das vacinas é feito com base nas linhagens predominantes. É possível que o vírus sofra mutações, mas ele reforçou que a vacina ainda protege e é a melhor aliada.
“Quando as vacinas contra a Influenza são elaboradas elas focam naquelas linhagens que tiveram maior predominância, que mais aconteceram uns dois anos. Por exemplo, a vacina aplicada em 2021 teve como base estudos e ensaios clínicos finalizados em 2019, 2018 e durante esse período é normal que o vírus sofra mutações, que ele consiga diminuir o efeito das vacinas”, defendeu.
“Mesmo diminuindo o impacto da vacina protetora, ela continua protegendo. Então, é possível que a vacinação segundo os ensaios clínicos, a proteção contra H3N2 era acima de 90%, aí pode ser que as novas mutações consigam diminuir para um valor menor que 90%, mas mesmo assim a vacinação vai conseguir controlar o surto”, finalizou.
Recentemente, em entrevista à CBN Araraquara, a secretária de Saúde, Eliana Honain, afirmou que Araraquara não tem nenhum caso confirmado do vírus da Influenza, o H3N2.
