A identificação de duas novas cepas do coronavírus em Araraquara, a de Manaus e do Reino Unido, deixou muitos moradores com medo e dúvidas.
Para tentar esclarecer alguns pontos, a reportagem ouviu o médico sanitarista Rodolpho Telarolli Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara.
Segundo o especialista a mutação de um vírus é um processo natural – a gente observa com o vírus da gripe, por exemplo – faz parte da evolução das espécies.
Só que o problema são as implicações que essas mutações acarretam para os seres humanos. Telarolli explica que o receio é que essas variantes têm características clinicas diferentes, quando atacam a pessoas.
Outra coisa: elas ainda podem responder de maneiras diferentes à ação das vacinas.
“No caso da variante da Inglaterra, que foi primeiro identificada, hoje existem mais informações e parece que essa variante ela tem uma resposta positiva as vacinas já disponíveis no mercado. No tocante a variante de Manaus, ela é menos estudada e temos ainda a variante da África do Sul, que não foi identificada aqui em Araraquara, mas é questão de algum tempo ela vai aparecer. Do ponto de vista prático, o que a gente já estimava, ela parece atacar pessoas mais jovens, saudáveis e se espalham de maneira mais rápida. Daí essa explosão de casos que está levando a falência o sistema de saúde local”, afirma.
Rodolpho Telarolli ainda afirma a medida mais eficaz de combater o vírus é a vacina.
“A gente fica na expectativa para o avanço rápido da vacinação, evidente que quando a vacinação tiver atingido 70% ou mais da população, acho que por agosto ou setembro, vamos ter boa parte da população vacinada, isso com certeza vai ser um alento, um auxílio poderoso pra gente retomar a vida de maneira normal. Mas, o surgimento dessas novas cepas e de outras é possível que a covid-19 tenha vindo para ficar e que todo ano tenha que ser feita a vacinação, como para a gripe. Porque se vacina para gripe todo ano? É porque o vírus da gripe sofre mutações, então a vacina tem que ser renovada anualmente”, explica.
Ainda é um desafio entender se essas novas variantes podem ser combatidas, por isso as medidas de segurança sanitárias ainda devem ser prioridades no cotidiano das pessoas.
“As medidas tradicionais que as pessoas vem respeitando somente em partes, infelizmente, são osso para todos os países roer, pois os que tem mais estudos e tempo de história com o coronavírus, que são os países europeus – temos que nos espelhar em quem viveu mais do que a gente -, como Portugal, França, Alemanha tem apelado para o lockdown. Não existe outra alternativa a não ser o decreto do prefeito”, finaliza.
A cidade entra em lockdown nesta segunda-feira (15) por um período de 15 dias.