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SaúdeMatrícula de crianças autistas na rede municipal de Araraquara cresce 246% em cinco anos

Matrícula de crianças autistas na rede municipal de Araraquara cresce 246% em cinco anos

Para a coordenadora municipal de Saúde da Pessoa com TEA, Karina Maia, este crescimento é uma realidade mundial

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Nos últimos cinco anos, o número de crianças autistas matriculadas na rede municipal de ensino de Araraquara cresceu 246%. Este aumento foi registrado ano a ano desde 2020.

Neste intervalo, o número de alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) saltou de 145 para 502, de acordo com dados da secretaria municipal de Educação obtidos pelo acidade on.

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Para a coordenadora municipal de Saúde da Pessoa com TEA, Karina Maia, este crescimento é uma realidade mundial. “A gente tem como parâmetro não só o conhecimento dos profissionais, que passou a ser maior na detecção do autismo, como também das pessoas que estão mais atentas”, avaliou.

A cada ano, este número tem aumentado na rede municipal de ensino de Araraquara. O intervalo de 2021 a 2022 foi o que registrou o maior crescimento, de 133%, passando de 178 para 380 alunos.

Das crianças matriculadas atualmente, 324 frequentam a educação infantil e 178 o ensino fundamental.

Lívia, de apenas 6 anos, ao lado da família; ela foi diagnosticada com TEA aos 2 anos de idade (Foto: Arquivo Pessoal)

É o caso da Lívia, de apenas 6 anos, que está no CER (Centro de Educação e Recreação) Honorina Comelli Lia, no Jardim Imperador. Ela foi diagnosticada com TEA aos 2 anos.

A mãe de Lívia, Michelle Neves, que também é vice-presidente da Ampara (Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Araraquara), contou que a filha se desenvolveu normalmente até um ano e meio, depois sofreu o que os médicos chamam de “poda neural”. A partir de então, ela parou de comer e falar, e “desaprendeu” tudo o que tinha desenvolvido como qualquer criança da sua idade.

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Segundo Michelle, além do TEA, a Lívia também foi diagnosticada dom TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). Hoje, ela é totalmente dependente da mãe e é considerada uma criança verbal não funcional.

“Nossa vida é uma antes e outra depois da Lívia, porque ela depende de mim para tudo na vida, tanto para ir e voltar e dentro de casa também. Graças a Deus, as minhas filhas me entendem e me ajudam“, disse Michelle se referindo às filhas de 12 e 18 anos.

Desde os anos 2 anos e meio, a Lívia faz terapia ocupacional e sessões de fonoaudiologia. Atualmente, ela também tem aulas de balé. “Criança sem terapia não tem evolução”, afirmou a mãe.

CONQUISTA DE DIREITOS

Desde 2021, a pessoa autista tem direito à Carteira de Identificação, que garante atendimento prioritário nos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. Em Araraquara, 776 documentos já foram emitidos de lá para cá.

Na avaliação de Karina Maia, diante deste quadro de aumento de diagnósticos, é fundamental a formação contínua de profissionais que irão ajudar no desenvolvimento destas crianças.

“Para abordar questões como o autismo, acessibilidade e adaptação de conteúdos, além de fornecer informações aos alunos e suas famílias sobre diversidade e neurodiversidade. Essas medidas visam combater o bullying, enfrentado por muitos autistas, promovendo a formação de cidadãos mais inclusivos e respeitosos”, pontuou.

Na última terça-feira (2), ocorreu o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, com uma série de atividades, que terminaram neste domingo (7), com a tradicional caminhada pelo centro da cidade.

A coordenadora afirmou que abordar este assunto é essencial para promover a inclusão e a compreensão das necessidades das pessoas autistas. “Ter uma data específica para trabalhar esse tema proporciona uma oportunidade concentrada para educar e promover ações inclusivas ao longo do ano, beneficiando não apenas as pessoas autistas, mas toda a sociedade”, afirmou.

Para Michelle, é preciso viver um dia após o outro, sem fazer planos para evitar frustrações. Mas, segundo ela, a Lívia é um presente que transformou a vida da família.

“A gente tem que lutar por esta causa e fazer com que as pessoas entendam, tanto sociedade quanto profissionais de todas as áreas, principalmente saúde e educação, para ser menos frustrante para os pais e ser um pouco mais leve. É tudo tão difícil, desafiador, que a gente, tendo este respaldo, fica mais leve”, concluiu.

O QUE É O AUTISMO?

O ministério da Saúde define o autismo como um problema no desenvolvimento neurológico, que pode estar associada a fatores genéticos, biológicos e ambientais, porém as causas ainda são um mistério para a ciência.

Segundo a pasta, o transtorno prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções. Os sinais surgem nos primeiros meses de vida, mas a confirmação do diagnóstico costuma ocorrer aos dois ou três anos de idade.

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Milton Filho
Milton Filho
Milton Filho é repórter da editoria de cidades do portal acidade on. Formado pela Universidade de Araraquara tem passagens pela CBN Araraquara, TV Clube Band e Tribuna Impressa. Acumula há quase 10 anos experiência com internet, rádio e TV.
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