O início da vacinação contra a covid-19 em Araraquara e no restante do Brasil deve ser feito com dois imunizantes desenvolvidos no Exterior e produzidos em parceria com institutos brasileiros: a CoronaVac, da chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina do laboratório britânico AstraZeneca com a universidade de Oxford em parceria com a Fiocruz.
Em Araraquara, as primeiras 4.080 doses da Coronavac chegaram na semana passada e já estão sendo aplicadas na primeira turma que tem direito à vacinação: os profissionais da saúde da linha de frente.
Nesta semana, começa a chegar a vacina da OXford. Em Araraquara a previsão é de 3.140 doses que serão aplicadas também em profissionais da saúde.
Agora, qual a diferença entre as vacinas? O médico infectologista Bernardino Souto explica:
CORONAVAC
A CoronaVac utiliza o método de “vírus inativado”, um dos processos mais reconhecidos e seguros na produção de vacinas, utilizado por exemplo na vacina contra a gripe e contra a hepatite A. A técnica consiste em “matar” o vírus que entra na formulação, portanto, ele não pode se replicar e causar a doença quando entra no nosso organismo, mas a presença dele estimula reações do sistema de defesa, que passa a criar anticorpos.
“É uma tecnologia antiga, que usa o vírus inativado, ou seja, o vírus morto. Se injeta a primeira dose e depois de 14 dias a segunda dose”, explica Bernardino Souto.
A eficácia geral apresentada pelo Butantan para a CoronaVac nos testes brasileiros foi de 50,38%. “Essa eficácia é muito boa, principalmente porque reduz muito o número de casos graves e as mortes”.
O médico reforça ainda que a Coronavac foi testada basicamente em pacientes graves, o que reforça a eficácia dela.
OXFORD
A vacina da AstraZeneca utiliza uma técnica nova, chamada de “vetor viral não replicante”. A tecnologia consiste em usar um outro vírus já conhecido como vetor para introduzir genes do coronavírus nas células. Nesse caso, o laboratório utilizou um adenovírus que infecta chimpanzés. O vírus foi alterado geneticamente para não se multiplicar e partes do coronavírus foram adicionadas a ele, o que faz o corpo humano produzir anticorpos ao ter contato com esse vetor. É a mesma tecnologia usada, por exemplo, nas vacinas Sputnik V e da Janssen/Johnson & Johnson.
“A técnica usada na de Oxford é assim: pega uma parte genética do vírus e aplica na cápsula de um outro vírus e então injeta nas pessoas. É uma técnica mais nova, mas bem eficaz”, diz Bernardino.
A eficácia geral divulgada pelo laboratório foi de 70%, mas o médico lembra que essa vacina foi testada em uma parcela mais geral da população.
ATENÇÃO
O médico diz que nenhuma das duas vacinas foi testada em crianças, já que elas não devem ser imunizadas neste primeiro momento.
Bernardino reforça ainda que mesmo com as vacinas, a população deve continuar seguindo as normas de segurança sanitária como o uso de máscaras e o distanciamento social.