É oficial. O melhor jogador do século XXI, que está apenas abaixo de Pelé no panteão dos deuses do futebol, jogará no Paris Saint-Germain por duas temporadas.
Em primeiro lugar, deixemos nossas congratulações para a direção do Barcelona, que promoveu um desequilíbrio contábil de fazer inveja em Botafogo e Cruzeiro. Por problemas administrativos, o clube permitiu que o maior da sua história fosse contratado sem custos por um rival, mesmo após consentir com uma redução salarial (temporária) de 50% para continuar jogando em casa. Os investidores do desastre são muito, mas o ex-presidente Bartomeu é, sem dúvida, o acionista majoritário do consórcio.
Com o fim forçado de seu ciclo na Espanha, a chegada de Messi em Paris é mais um elemento que assinala para a existência de uma nova hierarquia no mundo do futebol.
Se não fosse para a França, a expectativa natural era ver o craque argentino desembarcando em Manchester, para reencontrar Pep Guardiola, que reedita, na Inglaterra, com Ferran Soriano e Txiki Begiristain, a parceria que produziu o melhor Barcelona de todos os tempos.
Em ambos os casos, são equipes forjadas no alto nível por estratégias de “sportswashing”, quando o investimento no esporte é feito com o objetivo de “lavar” a reputação de um indivíduo, empresa ou nação.
O Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, é dono do Paris Saint-Germain através de um fundo de investimento presidido por Nasser Al-Khelaifi. O clube cumpre a função de garoto-propaganda para o mundial que acontecerá no ano que vem. No Manchester City, é Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi, quem financia a instituição.
Os dois países, protagonistas em denúncias por violação de direitos humanos, apostam que o sucesso esportivo nos fará esquecer quem eles são. Foi essa lógica que alterou a ordem de grandeza do futebol mundial e que poderia arcar com os custos da escolha de Lionel Messi. Inclusive, o Chelsea é consequência do mesmo processo.
Por isso, para além do fair-play financeiro, é necessário debater eticamente as formas de financiamento do esporte mais popular do planeta.
Dentro de campo, o encontro com o PSG promete ser explosivo. A formação de um trio com Neymar e Mbappé, com Donnarumma, Sergio Ramos, Hakimi e Wijnaldum reforçando um elenco que já contava com Navas, Marquinhos, Kimpembe, Verrati, Paredes e Di María, anuncia que o time francês nunca esteve tão perto de se tornar aquilo que ele é pago para ser e ainda não é. Transformar essa constelação de talentos no melhor time do mundo é uma pressão que cairá sobre os ombros de Mauricio Pochettino.
Especulando possíveis arranjos, o time poderia jogar em um 4-4-2 clássico, em que Kimpembe, provavelmente, seria reserva entre os zagueiros. Wijnaldum, Verrati e Paredes brigariam por duas vagas no meio-campo e Di María transformaria o trio ofensivo em um quarteto. Uma outra opção é o 4-4-2 losango, em que Di María perderia a titularidade para que Wijnaldum, Verrati e Paredes pudessem jogar juntos. Na dinâmica ofensiva, a “árvore de Natal” de Carlo Ancelotti poderia ser resgatada. Um sistema com três zagueiros também é uma possibilidade, com Marquinhos, Sergio Ramos e Kimpembe como titulares. No momento defensivo, se Kimpembe jogar como lateral-esquerdo (formando uma linha de 4), Di María poderia ser testado como ala. Outra alternativa, bastante óbvia, é o 4-3-3.
A única certeza é que Mbappé, Neymar e Messi estarão em campo. O resto é com o treinador argentino, que precisará resolver o melhor problema que já lhe criaram na vida.