A atual seleção brasileira feminina, que está disputando os Jogos Olímpicos de Tóquio, é o melhor time formado para a competição desde as Olimpíadas de Pequim, em 2008.
Isso não significa que o Brasil conta com a melhor equipe do mundo, mérito que, naquele ano, as brasileiras compartilhavam com os Estados Unidos. Na realidade, a evolução do futebol feminino fez com que a modalidade se tornasse mais competitiva. Hoje, existem países mais fortes do que na última década. Tanto que a Holanda, vice-campeã do mundo e campeã europeia, está disputando o torneio pela primeira vez na história.
Portanto, constatar o progresso em comparação com as Olimpíadas de 2012 e 2016 significa ver o Brasil mais próximo do nível das principais seleções do mundo. Estados Unidos, Holanda, Suécia e Grã-Bretanha (em que só as inglesas jogam), classificadas para as quartas de final em Tóquio, foram as quatro primeiras colocadas, respectivamente, na Copa do Mundo de 2019.
Mesmo que melhores do que a seleção brasileira, o jogo contra as holandesas, pela fase de grupos, mostrou que o Brasil está, pelo menos, preparado para o bom combate. O que passa diretamente pelo trabalho de Pia Sundhage, treinadora sueca que assumiu a equipe após o último mundial.
O time não está mais forte porque o grupo de jogadoras convocadas é melhor. Bárbara, Érika, Bruna Benites e, evidentemente, Formiga e Marta, estiveram nas Olimpíadas de Londres e do Rio de Janeiro. Em 2016, Aline Reis, Poliana, Rafaelle, Tamires, Andressinha, Debinha, Andressa Alves e Bia Zaneratto também foram convocadas.
Nas duas edições, Cristiane também esteve campo.
Portanto, considerando o time titular brasileiro, apenas Duda, meio-campista do São Paulo, é estreante na competição. O mesmo vale para a atacante Ludmila, do Atlético de Madrid, que frequentemente aparece entre as onze iniciais.
Ou seja, as jogadoras não mudaram. O que mudou foi a forma do time jogar.
Hoje, a seleção brasileira possui uma identidade. Em primeiro lugar, Pia Sundhage estabeleceu a parte física como critério definitivo para escolher quem estaria no grupo de jogadoras. A força e a altura são consideradas elementos fundamentais para que o Brasil consiga jogar na intensidade desejada pela sueca. Além disso, o comportamento defensivo evoluiu, com um Brasil que rapidamente limita os espaços de jogo para os adversários e agride para recuperar a posse de bola.
Contudo, a posse de bola não é determinante para o estilo de jogo brasileiro. A preferência é pelo ataque rápido, agredindo as zonas desprotegidas das outras seleções. Nesse sentido, Tamires e Marta desempenham a função de construtoras da equipe, enquanto Debinha atua como uma criadora de apoios, gerando linhas de passe e infiltrando para finalizar.
Finalmente, o time brasileiro deixou de ser um conjunto de talentos deixados à própria sorte.
Contra o Canadá, a equação se inverte e o favoritismo é brasileiro, que defende consigo um retrospecto positivo enfrentando as canadenses. Desde que Pia se tornou a treinadora do time, foram quatro confrontos, com duas vitórias brasileiras e dois empates. Inclusive, em seu desempenho geral, a treinadora perdeu somente dois jogos com o Brasil, para França e Estados Unidos.
A torcida é para que o favoritismo deixe de fazer sentido apenas nas semifinais.