- Publicidade -
vidaemquatrolinhasA providência divina temperou o plano de Abel Ferreira

A providência divina temperou o plano de Abel Ferreira

O treinador que deu um xeque-mate em River Plate, São Paulo e Atlético Mineiro, concebeu outra dinâmica coletiva para conquistar o tricampeonato da América

- Publicidade -

O Palmeiras foi campeão da Copa Libertadores de 2021. (Foto: Juan Ignacio Roncoroni / EFE)

 

Após a derrota para o São Paulo, por 2 a 0, quando Abel Ferreira menosprezou a tradição do clássico e escalou os reservas do Palmeiras para o duelo, o treinador português justificou sua escolha argumentando que, projetando a final da Libertadores, o clube possuía um planejamento. Em Montevidéu, não restou dúvidas de que, de fato, Abel Ferreira tinha um plano.

- Publicidade -

Na partida com o Atlético Mineiro — a última antes da decisão continental –, outra vez foram os suplentes palmeirenses que estiveram em campo. Contudo, reorganizados em um novo sistema que serviu como um prefácio da obra escrita na finalíssima contra o Flamengo.

Diferentemente dos embates com Fluminense, São Paulo e Fortaleza, quando o clube colecionou três derrotas seguidas e levantou suspeitas sobre o “astral” do time para a decisão da Copa Libertadores — esse aspecto que sempre tentamos inferir e que, em via de regra, estamos longe da verdade –, Abel Ferreira abandonou a linha de quatro defensores e estruturou seu sistema defensivo com uma linha de 5. Enfrentando o virtual campeão brasileiro, Danilo Barbosa, Kuscevic e Renan foram os zagueiros escolhidos.

Nos jogos em que foi derrotado em sequência, a principal dificuldade palmeirense foi conter a mobilidade de seus adversários no ataque, que não se organizavam em uma dinâmica posicional, mas estimulando trocas de posição em função da circulação da bola. Assim também seria contra o Flamengo, uma equipe abandonada à própria sorte de seus talentos.

Desse modo, a linha de 5 defensores funcionou como uma espécie de ensaio para avaliar se, no principal show do ano, a nova composição poderia ser bem-sucedida. Ao jogar de igual para igual, com os reservas, contra o melhor time do futebol brasileiro em 2021, a resposta estava dada.

No Estádio Centenário, Mayke foi o ala pela direita, Gustavo Gómez e Luan trocaram de lado e Piqueréz foi escalado para atuar como terceiro zagueiro, pela esquerda, com Gustavo Scarpa ocupando a ala do mesmo setor. No meio-campo, Danilo e Zé Rafael foram os volantes, enquanto Dudu e Raphael Veiga, ao invés de ficarem fixos pelos lados, possuíam liberdade para flutuar por dentro — como aconteceu no primeiro gol alviverde, quando Dudu atrai Filipe Luís, Mayke ultrapassa pelo corredor lateral e Veiga invade a área para finalizar. No ataque, Rony foi o jogador mais avançado.

- Publicidade -

O treinador que deu um xeque-mate em River Plate, São Paulo e Atlético Mineiro, concebeu outra dinâmica coletiva para conquistar o tricampeonato da América.

Contudo, por mais que a criatividade tática, traduzida em bom desempenho, seja um elemento indispensável do jogo e critério soberano no momento de distinguir o patamar de um treinador — e no futebol brasileiro, Abel Ferreira está no topo da hierarquia –, o futebol é filho do imponderável e o desígnio de uma partida sempre estará nos pés dos deuses do ludopédio. Nada além disso é capaz de explicar o equívoco de Andreas Pereira e o gol marcado por Deyverson, o mais novo herói improvável da conquista palmeirense.

A providência divina temperou com sorte o plano do treinador português. Afinal, a razão é incapaz de deduzir todos os enredos que podem ser escritos durante um jogo de futebol.

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -