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vidaemquatrolinhasCom Rogério Ceni, o Flamengo precisa decidir o que quer

Com Rogério Ceni, o Flamengo precisa decidir o que quer

A imprensa esportiva precisa fazer uma autocrítica por sua volatilidade, já que constrói mitos com a mesma facilidade que os destrói

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Rogério Ceni em coletiva de imprensa no Ninho do Urubu, quando foi apresentado como novo técnico do Flamengo. (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

Quando foi anunciado como novo treinador do Flamengo, Rogério Ceni era considerado, por parte significativa da opinião pública e dos amantes do futebol, o melhor técnico brasileiro em atividade no nosso país. Houve até quem colocasse Ceni como sucessor de Tite na seleção brasileira. 

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Hoje, após 12 jogos no rubro-negro carioca, eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores e três jogos sem vitória no Campeonato Brasileiro, Ceni já recebeu (novamente) o rótulo de técnico incapaz de comandar grandes equipes. Teorias sobre sua vaidade e egocentrismo pipocam para justificar um eventual fracasso em gerir jogadores importantes, supostamente tão vaidosos como ele, e que demandariam um tratamento diferenciado.

Entre o céu e o inferno, que separam os meses em que a análise sobre Ceni mudou da água para o vinho, existem os processos de um treinador e o contexto de um clube que poucas pessoas se ocupam em compreender.

No Fortaleza, Rogério Ceni usufruiu de uma continuidade que deu a ele a chance de fazer com que suas ideias de futebol fossem traduzidas dentro de campo. No clube cearense, Ceni se mostrou preparado para versar em diferentes sistemas táticos e propostas de jogo, se adaptando às circunstâncias, fosse na Copa do Nordeste, quando era protagonista com a posse de bola, fosse no Brasileirão, quando executava um ataque direto, com contra-ataques rápidos. Inclusive, foi com um jogo mais reativo que o tricolor cearense se destacou no país.

Entretanto, nas duas oportunidades que Ceni teve para tentar levantar rapidamente um grande clube e ser competitivo em alto nível, isso não ocorreu. Nem no São Paulo, nem no Cruzeiro.

Desse modo, quando o Flamengo demite Domenec Torrent porque não havia margem para esperar se o time conseguiria se equilibrar com o treinador catalão já que, em todos os jogos, o time produzia para fazer quatro ou cinco gols, mas falhava defensivamente na mesma proporção , não haveria motivo para contratar um treinador que não apresentasse lastro em desenvolver um time em curto espaço de tempo.

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Por isso, o principal problema do Flamengo não é o futebol que o time vem apresentado desde a chegada de Ceni, mas o equívoco do clube em, mais uma vez, sair para se casar, mas voltar solteiro e com uma bicicleta. Rogério Ceni só foi contratado porque seu nome vinha sendo incensado pela opinião pública, o que revela a incapacidade da direção flamenguista em analisar o trabalho de um treinador com o conhecimento especializado que isso requer. O clube acertou sem querer com Jorge Jesus.

Por fim, a imprensa esportiva precisa fazer uma autocrítica por sua volatilidade, já que constrói mitos com a mesma facilidade que os destrói, tornando-se vetor da aceleração temporal que, a cada semana, muda quem são os melhores jogadores, treinadores e equipes do mundo, contribuindo para desmanchar no ar tudo o que é sólido, desconsiderando os contextos e processos. Rogério Ceni ainda é, entre os treinadores brasileiros, um dos maiores potenciais para aliar desempenho e conquistas. Contudo, o que ele ainda não apresenta é a capacidade, em sua metodologia de trabalho, transformar imediatamente o desempenho de um time.

Com Ceni, se houver evolução no time do Flamengo, ela será lenta. Resta ao clube decidir o que quer.

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