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vidaemquatrolinhas"Joga bonito, mas não vence" e os rótulos vazios de sentido

“Joga bonito, mas não vence” e os rótulos vazios de sentido

Bielsa foi considerado o principal representante do rótulo que, hoje, está carimbado na testa de Fernando Diniz

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Ontem (12), Fernando Diniz venceu seu primeiro jogo como técnico do Santos, contra o Boca Juniors. (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Uma vez, conversei com um treinador que já havia trabalhado com Fernando Diniz. “É o melhor que nós temos”, disse ele. Na semana passada, Daniel Alves deu uma entrevista para o The Guardian, da Inglaterra. Ao lado de Guardiola e Tite, o jogador que mais venceu títulos na história do futebol também incluiu Diniz entre os melhores técnicos com quem já dividiu o vestiário.

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Desde a temporada passada, Marcelo Bielsa se tornou a mais nova sensação do futebol mundial, após vencer a segunda divisão inglesa e recolocar o tradicional Leeds United na elite do futebol nacional, sem abrir mão do jogo ofensivo que sempre identificou suas equipes. Pelo seu feito, “El Loco” chegou a ser indicado, pela FIFA, para o prêmio de melhor técnico do mundo em 2020 — Jürgen Klopp foi o vencedor.

Bielsa perdeu uma final de Copa Libertadores para o São Paulo, em 1993, quando treinava o Newells Old Boys. Com a seleção argentina, foi eliminado na primeira fase da Copa do Mundo de 2002, e também era ele o treinador na Copa América de 2004, quando o gol de Adriano, empatando o jogo no último minuto, possibilitou que o Brasil vencesse a final nas penalidades e se sagrasse campeão. Com o Chile, ficou em segundo lugar nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, onde foi eliminado nas oitavas de final, derrotado, mais uma vez, para a seleção brasileira.

No Athletic de Bilbao, da Espanha, na mesma temporada, foi vice-campeão da Copa do Rei e da Liga Europa; no Olympique de Marseille, da França, não disputou nenhuma taça; na Lazio, da Itália, desistiu de treinar a equipe antes das competições começarem; no Lille, também da França, viveu conflitos internos e deixou o time na zona de rebaixamento, após 15 partidas; no próprio Leeds, em seu primeiro ano, deixou o acesso escapar nos playoffs. Suas únicas conquistas foram um Campeonato Argentino, no início dos anos 90, e a medalha de ouro com seu país nas Olimpíadas de 2004. Agora, também carrega o título da segunda divisão do Campeonato Inglês em seu currículo.

Desse modo, durante décadas, Bielsa foi considerado o principal representante do rótulo que, hoje, está carimbado na testa de Fernando Diniz: “joga bonito, mas não vence” — ignorando que a lista daqueles que jogam mal e sempre perdem é infinitamente maior. A relação da opinião pública com “El Loco” mudou, justamente, com a glória em Leeds, o que não passa de fetichismo, tendo em vista que o estilo de jogo, que compõe o espírito de tamanha exaltação, também esteve presente nos infortúnios e servia como muleta para as críticas.

Assim será também quando Diniz vencer.

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Inclusive, Bielsa nunca precisou de títulos para comprovar sua genialidade. Pep Guardiola, Mauricio Pochettino, Jorge Sampaoli, Tata Martino, entre tantos outros treinadores, inspiraram-se nos times e nas ideias do técnico argentino. “Me sinto distante do conhecimento dele”, disse o maior treinador da história do futebol e atual campeão inglês.

Como treinadores, Marcelo Bielsa e Fernando Diniz não são comparáveis. Entretanto, cabe um paralelo entre eles, já que, em ambos os casos, o estilo de jogo foi, é e continuará sendo o grande espantalho de seus trabalhos.

Diniz ainda está escrevendo sua história. Contudo, já possui um legado para chamar de seu. Na formação de jogadores, por exemplo, sua contribuição é notória. Luan, Tchê Tchê, Felipe Alves, Caio Henrique (como lateral-esquerdo), Luciano, Gabriel Sara, Léo (como zagueiro), entre tantos outros, tornaram-se melhores quando treinados por ele. No Santos, Kaiky, Gabriel Pirani, Ângelo e Marcos Leonardo podem ter a sorte de viver o mesmo processo.

Que o encontro entre Fernando Diniz e os Meninos da Vila possa desenvolver todas as potencialidades que essa relação promete. É só isso que importa.

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