O setor de restaurantes e de comércios de Campinas que trabalham com a venda de refeições registraram queda no faturamento por conta da alta de preços, gerada pela inflação. Além disso, clientes também diminuíram a frequência nos locais.
Uma pesquisa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) realizada no setor de alimentação fora de casa no estado de São Paulo apontou ainda que 30% dos comerciantes afirmaram ter tido prejuízo com a alta dos preços.
O estudo, realizado entre os dias 21 e 28 do mês passado e divulgado na quarta-feira (13), mostra que apenas 37% dos estabelecimentos tiveram lucro e 33% ficaram com as contas equilibradas.
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Em relação à inflação no valor dos alimentos, 69% dos proprietários de bares e restaurantes disseram não conseguir repassar os aumentos ao consumidor, enquanto 53% declararam que fizeram reajustes, mas abaixo da alta oficial.
“Eles [os clientes] têm reduzido porque, como a renda das pessoas não aumenta, acaba tendo a consequência da redução da frequência. Então, as pessoas que vinham três vezes na semana, acabam vindo duas vezes, e os que vinham duas vezes na semana acabam vindo a cada 15 dias”, relata o proprietário de restaurante em Campinas Silvio Bigon.
QUEDA NO MOVIMENTO
A alta nos preços dos alimentos e bebidas afeta principalmente quem trabalha com refeições. Após aumentos progressivos, fica difícil não repassar para o consumidor e, mesmo que o reajuste fique abaixo da inflação oficial, é o suficiente pra afastar os clientes.
Segundo a pesquisa da Abrasel:
– 30% dos estabelecimentos disseram ter prejuízo
– 80% apontam aumento nos preços dos insumos como alimentos e bebidas
Outro agravante que disseram ter prejuízo é na queda do movimento de clientes, 54% apontaram redução nas vendas.
SUBSTITUIÇÕES
Para o proprietário Silvio Bigon, uma solução para a queda no movimento foi trabalhar com a criatividade para apresentar alternativas aos clientes. “Mudar a composição, criando receitas novas e formas para poder fugir um pouco desses aumentos que estão, realmente, muito abusivos”, afirma Bigon.
Fazer substituições é uma forma de tentar segurar o preço dos alimentos e o economista Roberto Brito ainda dá algumas dicas.
“Lembrar que ninguém é competitivo sozinho. É fundamental que a gente crie uma rede. Os fornecedores, junto com os pequenos negócios, devem estabelecer relações de parceria contínua. Isso, normalmente, tende a diminuir os aumentos de preços constantes que a gente vem sofrendo. Outra questão fundamental é que os donos de estabelecimentos evitem desperdícios”, afirma.
Para o economista, outros fatores têm levado aos reajustes nas refeições fora de casa. “Essas empresas tiveram muitas dificuldades nos últimos dois anos e possuem dívidas que foram geradas, dado a impossibilidade de trabalhar. Então, existem dívidas trabalhistas, de aluguéis e financeiras que, neste momento, ainda é importante o custo fixo para essas empresas”, finaliza.
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