Um grupo de alunos da Etec (Escola Técnica Estadual) de Americana se reuniu em frente à unidade para um protesto no início da tarde desta sexta-feira (11) depois que um áudio com falas homofóbicas atribuído a um professor viralizou nas redes sociais.
As afirmações do docente teriam sido feitas durante uma aula na última quinta (10). Por conta da repercussão, o CPS (Centro Paula Souza), que administra a escola, informou que abriu um procedimento administrativo e explicou que o processo pode resultar em suspensão ou demissão do profissional.
Além de estudantes da escola, o ato, que cobrou uma atitude sobre o caso, contou com a participação de representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Comissão da Diversidade da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Americana.
Para a aluna Luiza Donato dos Santos, a fala não condiz com a postura esperada de um professor. “Acho que essa pode ser a opinião do professor, mas pra uma rodinha de amigos, em outro local. A fala dele na minha opinião foi homofóbica”, defendeu ela.
O AÚDIO
O áudio viralizado tem cerca de oito minutos com uma suposta conversa entre o professor e os alunos. A conversa teria acontecido na quarta-feira (10).
“Vocês sabem que eu sempre fui contra essas coisas e já estou aceitando, por exemplo, dois homens morarem junto, duas mulheres morarem juntas, não tem problema. Agora, falar que vai no cartório, falar que vai se casar?”, disse o professor.
O homem ainda citou um casamento em que foi com a filha. Nesta cerimônia, dois homens citaram o desejo de ter filhos.
“Um deles falou:’Muito obrigado, nós vamos ter muitos filhos’… O que? Dois homens, muitos filhos?”, afirmou. Já os alunos responderam citando a possibilidade de adoção ou outro meios.
Ainda na gravação, o professor comparou barriga de aluguel à prostituição. Ao observar que os estudantes se exaltaram, o professor rebateu e fez novas colocações.
“Nós estamos conversando, não estamos discutindo, nem brigando […] Eu só quero que vocês entendam que pra minha geração é difícil […] Não estou dizendo que eu sou contra, mas você quer ter um filho, mas quem que vai dar esse filho pra você? Então não era melhor, se você é homem, gostaria de ser pai, por que, o que que é normal? um homem com uma mulher […] Não tem problema, mas não vai falar que vai querer ter filho então”, afirmou.
O QUE DIZEM OS RESPONSÁVEIS
O Centro Paula Souza destacou que não compactua com nenhuma forma de desrespeito e assédio, e que “orienta diretores a abrir apuração preliminar para averiguar eventuais denúncias de estudantes”.
A autarquia do governo de São Paulo, responsável por administrar esta e outras unidades no estado, informou que a apuração dos fatos pode resultar em suspensão ou demissão. A assessoria não explicou se o docente indicado por estudantes está afastado ou continua a dar aula.