Aos 26 anos de idade, Fabiene Paes recebeu a notícia de que estava com câncer. O diagnóstico do tumor do tipo adenocarcinoma veio em agosto de 2013, há exatos dez anos. Para a moradora de Campinas que tinha o sonho de ser mãe, o fato de precisar retirar o colo do útero foi devastador.
“Foi o meu primeiro obstáculo. Meu sonho sempre foi ser mãe, ter um filho. Pensar que eu ia retirar o útero com 26 anos não chegava nem perto de ser uma opção”, comenta.
Como a cirurgia não era oferecida pelo plano de saúde, Fabiene precisou realizar o procedimento de forma particular. Com isso, o problema parecia ter sido solucionado. Contudo, no ano seguinte, as dores continuaram e, durante a realização de um exame, Fabiane precisou ser internada por uma infecção bacteriana.
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“Eu fui fazer esse exame e peguei uma bactéria. Fui internada às pressas de novo e isso tudo causou uma paralisia na minha perna direita. Essa bactéria passeou pelas minhas trompas. Fiquei 15 dias no hospital, fiquei em UTI. Fiquei curada, mas não sabia qual seria o impacto depois”, comenta.
Após o período de internação, Fabiene descobriu que não poderia ter uma gestação comum. Em 2019, foi constatado que ela não poderia engravidar naturalmente. Fiquei um pouco anestesiada e passei um ano pensando no que eu realmente queria”, acrescenta.
Fertilização in vitro
Em julho de 2022, Fabiene e o marido, Caio Vinícius Cigalla Borrasca, decidiram realizar uma fertilização in vitro. A primeira tentativa não deu certo, mas a esperança não deixou o casal desistir. Na segunda tentativa, em maio deste ano, Fabiene conseguiu engravidar.
“Depois desses dez anos de luta, eu estava grávida por fetilização in vitro e muito feliz”, lembra.
Com todas as dificuldades enfrentadas para engravidar, a gerente de projetos não imaginava que teria outro desafio pela frente. Por não ter o colo do útero, Fabiene precisou realizar uma cerclagem abdominal robótica. O procedimento consiste em utilizar fios de sutura para envolver o colo uterino.
“No caso da Fabiene, que teve o antecedente de uma grave infecção pélvica, foi necessário vencer diversas aderências intestinais até atingirmos o local adequado para a passagem da fita. Os movimentos realizados pelas pinças robóticas aliados à qualidade de visão tornam o procedimento mais seguro, com menores riscos para a gestante e o bebê”, explica o doutor Carlos Eduardo de Godoy Junior, cirurgião ginecológico responsável pelo procedimento.
A cerclagem foi feita em 14 de julho e demorou cerca de duas horas. No mesmo dia, Fabiene recebeu alta. “Isso foi surpreendente pra mim, que fiz mais de dez cirurgias na vida. Nunca sai no mesmo dia”, diz.
‘Presentinho de Natal’
Após anos de espera, muita indecisão e incertezas, Fabiene e Caio finalmente estão preparados para receber a filha Marilia nos braços. Devido aos procedimentos realizados ao longo da vida, não será possível realizar um parto normal. Com isso, a cesárea deve acontecer na segunda quinzena de dezembro, entre 36 e 37 semanas de gestação.
“A gente fala aqui em casa que é o nosso presentinho de Natal”, brinca.
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