A Prefeitura de Campinas entregou na última semana os estudos relacionados a investigação sobre a contaminação ambiental de solo em uma área onde está localizado um condomínio de prédios no bairro Mansões Santo Antônio. O espaço é uma das dez áreas com maior grau de contaminação do estado (entenda abaixo).
De acordo com a Administração, foi finalizado o documento que inclui a investigação detalhada, avaliação de risco à saúde humana, além de plano de intervenção e a indicação de plano de remediação.
“A principal conclusão do relatório, reafirmando estudos anteriores, é que continua havendo uma contaminação extensa. A pluma de contaminação se espalha desde o foco da contaminação, que é o terreno onde existiu a antiga Proquima, empresa química, e dos terrenos onde estão os três blocos do condomínio Parque Primavera, e ali é o foco da contaminação”, informou o secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes.
Em entrevista ao acidade on, Menezes explicou que a principal mudança com a finalização do novo estudo é a possibilidade do início de remediação na área contaminada.
“O que de fato muda com a entrega desse estudo é que agora há condições técnicas para o início da remediação, que será organizada pela Apromasa (Associação dos Proprietários do Mansões Santo Antônio) com possibilidade de parceria privadas com players de mercados interessados em empreender na região”, afirmou.
SITUAÇÃO DE MORADIA E RISCOS A SAÚDE
Atualmente, há 44 famílias morando no bloco A, único bloco do condomínio residencial Parque Primavera ocupado por moradores. Os blocos B e C continuam interditados, assim como o parque infantil, áreas comuns e moradias térreas. Segundo o secretário, não há risco para a saúde dos moradores, mas a Vigilância em Saúde segue monitorando os casos de moradores da região.
Desde setembro de 2016, os gases poluentes retirados da área não são mais detectados na atmosfera. Um sistema que filtra os gases tóxicos está em funcionamento desde 2014 no subsolo de uma das torres dos apartamentos.
Porém, no ano passado dois apartamento do piso térreo do residencial foram interditados por equipes da Prefeitura devido ao risco de contaminação por gases do subsolo.
“O risco a saúde dos moradores está controlado. Recentemente houve uma intervenção da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), isolando a área do parquinho e pedindo para que moradores se retirassem da área térrea. Então segue sendo controlado. O sistema de extração de gases está funcionando sob o comando do condomínio e não há registro de agravos a saúde dos moradores que resistem do bloco A. Portanto não há nenhum descontrole ou aumento de riscos aos moradores, muito pelo contrário, o avanço dos estudos é uma boa novidade no sentido que a remediação terá condição de prosseguir e alcançará níveis cada vez mais seguros”, afirmou.
REMEDIAÇÃO
Durante a entrega do relatório, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos) anunciou também a criação de um grupo de trabalho urbanístico. O objetivo, segundo Dário, é viabilizar a descontaminação e a remediação da área.
“Nós já definimos um grupo de trabalho para discutir incentivos urbanísticos e fiscais para que todas as secretarias, envolvidas com a questão – Secretaria de Planejamento e Urbanismo, Verde, Justiça e Finanças – possam estudar o tema em profundidade e trazer uma minuta de projeto de lei para ser enviado à Câmara Municipal para viabilizar a descontaminação e a remediação”, disse o prefeito.
O grupo técnico será coordenado pela secretaria de Planejamento que, a partir de agora, estudará propostas de incentivos administrativos, urbanísticos e tributários para implementar um plano de remediação.
Em parceria com proprietários e o setor imobiliário, as propostas têm objetivo de promover o controle ambiental, urbanístico e de saúde, com sustentabilidade econômica, financeira, urbanística e ambiental para equacionar a situação.
“Toda a remediação estará concentrada nessas áreas, porque se não faz remediação nessas áreas, as áreas que estão rio abaixo, no revelo, descendo o relevo em direção ao rio, seguirão sendo contaminadas porque existe ainda muito produto químico disponível no solo e reagindo com a água e liberando gases espalhando esses compostos através de suas plumas de contaminação. E assim que esse processo de remediação começar a Cetesb passa a aceitar novos licenciamentos de empreendimentos localizados nessas áreas no polígamo de restrição do Mansões Santo Antônio”, afirmou Menezes.
ENTENDA A CONTAMINAÇÃO
A contaminação no bairro foi descoberta em 2001, quando uma construtora se preparava para explorar um conjunto residencial. Foram erguidas três das quatro torres previstas para o projeto, mas as obras foram embargadas depois de constatada a contaminação do solo.
A poluição vem de uma empresa de solventes que funcionou da década de 70 até o fim da década de 90 no bairro, a extinta indústria Proquima Produtos Químicos Ltda. A empresa esteve instalada na Rua Hermantino Coelho, nº: 908, por mais de 20 anos, de 1973 até 1996. A empresa trabalhava com a recuperação de solventes havendo, inclusive, um incêndio no ano de 1987.
A Proquima e seus sócios venderam à construtora CONCIMA S. A Construções Civis os lotes 4 e 5 da Rua Hermantino Coelho, onde, anteriormente, ficava a Proquima. Nos terrenos seriam construídos 8 prédios de apartamentos, 4 em cada lote, totalizando 396 apartamentos.
Desde que tomou conhecimento da contaminação no local, em 2002, a Prefeitura de Campinas vem atuando junto com a Cetesb e o Ministério Público no sentido de resolver esse passivo ambiental.
Segundo a Administração, foram interditados poços artesianos,implantadas ligações de água tratada em chácaras, realizados atendimentos médicos a moradores do bairro e a ex-trabalhadores da Proquima, além da elaboração de um protocolo médico de referência para o centro de saúde da região (Taquaral), entre outras medidas.
Uma empresa contratada pela Prefeitura colocou em operação em 2014 os equipamentos instalados para retirar vapores do subsolo no condomínio Parque Primavera. Até 2020 a Prefeitura fez o monitoramento dos gases, e dpois disso, a obrigatoriedade foi passada aos moradores do local.