Campinas registrou pelo menos um caso por dia de violência contra a população LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo e assexuais) entre os meses de janeiro a abril deste ano.
De acordo com um levantamento realizado pelo Centro de Referência LGBT de Campinas, o primeiro quadrimestre do ano teve 148 casos de violência em decorrência da orientação sexual ou identidade de gênero.
O número representa 1,2 caso por dia e mostra a importância do assunto. Nesta terça (17), é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia, mas ainda há muito o que avançar no combate ao preconceito.
Mulher trans, Nubya da Silva Pereira, já foi vítima de discriminação e desrespeito quando tentou usar o banheiro feminino do Terminal Ouro Verde, em Campinas, onde chegou a temer ser agredida fisicamente.
“Uma senhora se incomodou e chamou dois seguranças terceirizados, que começaram a me chamar de macho-fêmea. Eu saí do banheiro e falei como eu me identificava. Eles queriam me agredir se eu entrasse de novo”, conta.
ROTINA DE AGRESSÕES
A gestora de políticas públicas do centro de referência LGBT de Campinas, Valdirene dos Santos, cita alguns tipos de crimes contra essa população e lamenta a realidade vivida por muitas pessoas junto à família.
“As pessoas têm vergonha de denunciar quando são espancadas e mantidas em cárcere em casa. Ocorre também o estupro corretivo, quando a família tenta curá-las, mas não há cura para o que não é doença”, relata.
Valdirene também lembra que LGBTfobia não se trata apenas de agressão física, verbal, ou psicológica, mas também envolve afirmações tidas como “piadinhas” e provocações sobre o que a pessoa é e como se identifica.
“Tem o que a gente costuma chamar de síndrome de cotovelo, que ocorre quando alguma pessoa LGBT chega em algum local e todo mundo começa a se cutucar e a rir, apontando para ela”, explica ela.
ACOLHIMENTO
Localizado na Rua Talvino Egídio de Souza Aranha, 47, no Botafogo, o Centro de Referência LGBT existe há 19 anos e encaminha os casos de violação de direitos são a órgãos como a Defensoria Pública.
Na cidade, também existe a Casa Sem Preconceito, que depende de doações e também acolhe pessoas vítimas de LGBTfobia. A casa fica na Rua Uruguaiana, 226, no bairro Bosque, na região central do município.
(Com a colaboração de Heitor Moreira e Bárbara Camilotti/EPTV Campinas)