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CotidianoCampinas tem aumento de 1 mil porcento em vacinas descartadas após vencimento

Campinas tem aumento de 1 mil porcento em vacinas descartadas após vencimento

Além dos descartes de vacinas, o balanço também mostra aumento de 653% em descartes de medicamentos

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O número de vacinas descartadas em Campinas após o vencimento nos CSs (Centros de Saúde) aumentou 1.028% em 5 anos. Em 2018, foram descartadas seis mil doses de vacinas que venceram nos postos. Já em 2022, o número passou para 69,3 mil imunizantes jogados fora após o prazo de vencimento.

Os números foram obtidos pela EPTV via LAI (Lei de Acesso à Informação) e indicam que no ano passado foram descartadas 12,4 mil unidades de vacinas pediátricas contra a covid-19 da Pfizer, além de 10 mil unidades da vacina tríplice viral. 

Os imunizantes são distribuídos pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) do Ministério da Saúde, portanto não tiveram custos para a Administração Municipal, mas foram pagos pelo governo federal.

MEDICAMENTOS

Além dos descartes de vacinas, o balanço também mostra aumento de 653% em descartes de medicamentos. Em 2018, foram descartadas 5,5 mil unidades de medicamentos vencidos. Já em 2022, o número saltou para 42,1 mil unidades jogadas fora.

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Segundo o levantamento, os medicamentos descartados no ano passado tiveram custo de R$ 155,8 mil aos cofres públicos. Ao todo, foram mais de 42 mil unidades de amoxicilina descartadas nos postos de saúde em 2022. O remédio é um dos mais comuns antibióticos que combatem infecções.

 

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Entre as explicações para as perdas de vacinas, a Prefeitura afirma que fake news e discursos negacionistas contribuíram para a baixa procura, que variou de acordo com o cenário epidemiológico. Além disso, a Administração afirmou que a enfrascagem da vacina, quebras de frasco e condições de temperatura estão entre as explicações.  

Já para a perda dos medicamentos, são listados motivos como pandemia, fake News, flutuação de consumo, sazonalidades, perfil de médicos prescritores, entre outros fatores. A Prefeitura também afirmou que os índices de perda estão abaixo do que é aceitável como índice de perda (veja mais abaixo).

PERDA DE VACINAS POR VALIDADE:

  • 2018
    6.147 unidades descartadas
    Principais descartadas: vacina gripe – frasco com 10 doses (2.100unidades) e vacina tríplice dtp- frasco 10 doses (1.180 unidades)
     
  • 2019
    8.845 unidades descartadas
    Principais descartadas: vacina dtpa triplice acelular- frasco 1 dose (1.687 unidades) e vacina bcg- frasco com 10 doses (1.310 unidades) 
     
  • 2020
    16.052 unidades descartadas
    Principais descartadas: vacina hepatite b importado 10ml- frasco 20 doses (11.060 unidades) e vacina dupla (dt) adulto – frasco 10 doses (1.870 unidades)
     
  • 2021
    23.549 unidades descartadas
    Principais descartadas: vacina gripe – frasco com 10 doses (8.670 unidades) e vacina hepatite b importado 10ml – frasco 20 doses (6.120 unidades)
     
  • 2022
    69.395 unidades descartadas
    Principais descartadas: vacina sars-cov pfizer – pediátrica – 10 doses – (12.490  unidades) e vacina triplice viral s.c.r c/diluente – frasco 10 doses (10.080 unidades)

PERDAS DE MEDICAMENTOS POR VALIDADE:

  • 2018
    5.587 unidades – custo aos cofres públicos: R$ 10.009,75
    Principais descartados: medroxiprogesterona 10 mg (3.680 unidades) e penicilina g. proc+potass 400.000 ui sol inj  (707 unidades)
     
  • 2019
    4.149 unidades – custo aos cofres públicos: R$ 2.013,844
    Principais descartados: levodopa 250 mg + carbidopa 25 mg  (2.000 unidades ) e  amiodarona 200 mg comp (2.000 unidades)
     
  • 2020
    220 unidades – custo aos cofres públicos: R$ 528,10
    Principais descartados: – biperideno 5 mg/ml sol inj amp 1ml  (88 unidades ) e  meperidina 100 mg/2ml si 2ml (71 unidades)
     
  • 2021
    9.149 unidades – custo aos cofres públicos: R$ 29.024,62
    Principais descartados: metoclopramida 0,4% sol oral (2.356 unidades ) e dimenidrinato-50mg + clor. piridoxina-50mg/ml  (2.097 unidades)
     
  • 2022
    42.118 unidades – custo aos cofres públicos: R$ 155.890,7
    Principais descartados: amoxicilina 250mg/5ml susp oral  (40.600 unidades) e  penicilina g. proc+potass 400.000 ui sol inj (966 unidades)

O QUE DIZ A ADMINISTRAÇÃO

Sobre o descarte das vacinas, a coordenadora do programa imunização de Campinas, Chaula Vizelli, explicou que a perda ainda está no nível aceitável, mas lamentou que muitas pessoas deixaram de procurar os postos para a vacinação.

“Infelizmente vimos que por uma série de contextos, fake news, por desacreditar na vacinação muitas pessoas não procuraram pela imunização, e isso é um dos motivos que acarreta nas perdas. E isso serve para todas as vacinas do calendário, então precisamos que a população busque, porque o objetivo é garantir que a vacina esteja disponível no braço da população. É esperada até 5% de perda e tivemos 1% então está dentro do esperado. É uma perda que não queremos que aconteça mas visando garantir a segurança da vacina em alguns momentos ela precisa ser descartada”, afirmou.

Segundo a coordenadora, ações são realizadas constantemente para aumentar o índice de vacinação na cidade, com busca ativa e campanhas de imunização em escolas e instituições, por exemplo.

Já em nota, a Prefeitura informou que a operacionalização dos imunizantes é feito pelo PMI (Programa Municipal de Imunização), da Coordenadoria de Vigilância de Agravos e Doenças e que a gestão da central municipal de vacinas, no período de 2018 a agosto de2021, era realizada pelo almoxarifado da saúde/Departamento Administrativo/SMS.

“A partir de setembro de 2021, foi incorporada ao Departamento de Vigilância em Saúde que, desde então vem desenvolvendo e aperfeiçoando ferramentas para possibilitar o melhor controle do estoque de imunobiológicos. Até o presente momento, a distribuição de doses de vacinas ao município, vem sendo pautada no planejamento realizado com base nas estimativas populacionais disponíveis e na média de doses aplicadas e é realizada por meio dos pedidos mensais ao Estado de São Paulo”, informou.

No texto, a Prefeitura informou que ao longo dos últimos cinco anos, o município recebeu mais de 9 milhões de doses de mais de 20 imunobiológicos diferentes do PNI (Programa Nacional de Imunizações), por intermédio da gestão estadual e, por média, houve perda de 1,23%. As vacinas são fornecidas pelo Ministério da Saúde, sem pagamento pela Administração Municipal.

Medicamentos

Já sobre o descarte de medicamentos, a diretora administrativa da Secretaria de Saúde, Amanda Portella, afirmou que houve diminuição do consumo por causa da pandemia, que causou o vencimento e perda de muitos remédios em 2022.

“Todo nosso planejamento e nossas aquisições são feitas com base no histórico de consumo dos itens. Com a pandemia nós tivemos o isolamento das pessoas, a suspensão de aulas presenciais e isso diminuiu o consumo de alguns itens expressivamente. A compra foi feita no início de 2020, em um momento que a gente não conseguia prever a duração da pandemia, as consequências, e a gente sempre compra com uma validade mínima de 75% então em condições normais da nossa rotina e histórico de consumo todos esses itens seriam utilizados neste mesmo ano”, indicou.

Segundo a diretora, mesmo com o crescimento dos descartes, o índice também está abaixo do limite aceitável, e trabalhos estão sendo feitos para reduzir ainda mais a perda.

“Apesar desse descarte ter aumentado, se pegar a relação do valor que perdemos com o estoque  nós chegamos a um número de 0,15% de perda. Hoje a literatura traz como aceitável de 2 a 5% de perda. Então Campinas está abaixo, mas mesmo assim queremos trabalhar para diminuir ainda mais esse índice de perda”, afirmou.

Já em nota, a Prefeitura explicou como funciona o processo de compra.

“Neste departamento são cadastradas as cotas estimando-se o consumo a ser dispensado para cada Centro de Saúde. As estimativas são baseadas no consumo histórico de cada medicamento. Na sequência o processo de compras é enviado ao Departamento Administrativo para seu gerenciamento, e por fim, o medicamento adquirido é recebido, conferido, armazenado e distribuído aos Serviços de Saúde pelo Almoxarifado da Saúde de Campinas”, informou.

De acordo com a Prefeitura, durante o período de tempo compreendido entre os anos de 2017 a 2022, foram recepcionadas nessa coordenadoria, notas fiscais de medicamentos no valor total de R$ 139.123.183,00 e descartados por perda de validade o valor total nestes 6 anos, de R$ 213.548,15.

“A Prefeitura Municipal possui sistema informatizado SIG2M que é utilizado para gerenciamento de compra, controle de estoque, validade e distribuição dos medicamentos. Os medicamentos são distribuídos para a rede municipal de saúde de acordo com as ordens de suas validades, o item que vence primeiro é dispensado primeiramente. O descarte de medicamentos é realizado por empresa terceirizada a qual é responsável pela incineração de resíduos químicos do grupo B de todo Sistema de Gestão de Estoques de Materiais e Medicamentos”, completou.

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