O adolescente de 17 anos que atirou bombas caseiras em uma escola de Monte Mor escreveu na carta sobre a tentativa de ataque que se sentia abandonado e sozinho e que a Escola Municipal Vista Alegre iria “ficar com uma vista triste”. No mesmo local, funciona a Escola Estadual Professor Antônio Sproesser. O jovem é ex-aluno da unidade. Ninguém ficou ferido e as aulas foram suspensas.
Nas anotações feitas em um caderno encontrado na casa do menor, no Centro de Monte Mor, ele relata ainda que é “motivado pelo ódio e rancor”, fala que se vê “superior aos demais”, descreve o que sente e se questiona. “Por que eu sou assim? Como cheguei nesse ponto? Teve um processo? Lá no fundo queria fazer parte do padrão”, argumenta. “Cansado de viver”, diz também um dos trechos.
“Abandonado, sozinho, sem amigos e família, pronto pra morrer. Partirei com sangue nos olhos, nada vai me impedir. Irei desligar meus últimos sentimentos. Já tentei chorar, mas não consigo. Não consigo sentir tristeza, por mais triste que eu seja diante de certos olhares. Talvez eu seja um erro”, escreveu também.
SÍMBOLOS E LIVROS
As frases são acompanhadas de símbolos e inscrições ligados ao nazismo, como as letras “SS” e o número 88. Enquanto as letras são a abreviação de Schutzstaffel, uma organização paramilitar ligada ao Partido Nazista e ao ditador Adolf Hitler, o número presente no caderno é usado por neonazistas no mundo todo para simbolizar a sigla “HH”, abreviação da saudação “Heil Hitler”.
Além da carta, dois exemplares da autobiografia de Hitler também foram encontrados na residência onde o jovem vivia. Na obra, o autor expressa seus vieses racistas, antissemitas, anticomunistas e nacionalistas de extrema-direita, ideias então adotadas pelo Partido Nazista. Uma réplica de fuzil também foi localizada. Todo o material foi apreendido e levado à delegacia da cidade.
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ROUPA PRETA E SUÁSTICA
De acordo com o inspetor da GCM (Guarda Civil Municipal) de Monte Mor, Denival Santana, o jovem foi encontrado a cerca de três quarteirões da escola, depois que as equipes foram informadas sobre explosões no local. O menor usava roupas pretas e uma suástica nazista em um dos braços. Além disso, carregava uma machadinha e usava máscara, boné e luvas também pretas.
“Ele não relutou, não ofereceu risco e não forneceu nenhuma informação”, detalhou o responsável pela ação. Cinco garrafas plásticas que seriam usadas como explosivos foram apreendidas em frente à escola. Apesar de pelo menos quatro explosões na parte externa, a GCM, a Prefeitura e a pasta estadual de Educação confirmam que ninguém ficou ferido e que as aulas foram suspensas.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Em nota, a Prefeitura de Monte Mor confirmou a tentativa de ataque, informando que na manhã desta segunda-feira a Guarda Civil Municipal de Monte Mor foi acionada pela equipe gestora da E.E Prof. Antonio Sproesser, no Jardim Bela Vista, por conta de um indivíduo que atacou a unidade de ensino com o uso de explosivos.
“As equipes de segurança se dirigiram ao local e capturaram o rapaz, que aparentemente é menor de idade. Com ele foi encontrado também um coquetel molotov. Ele trajava roupas com símbolos nazistas. Na ação, não houve feridos e nem danos significativos à estrutura da escola. Os alunos já foram dispensados das aulas. A escola também ficará fechada no período da tarde”, informa a nota.
A Prefeitura cita que o ocorrido foi um ato isolado e “tranquiliza todas as famílias, pais e responsáveis, de alunos da rede municipal de ensino e repudia, de forma veemente, todo e qualquer ato de violência”.
O QUE DIZ O ESTADO
Em nota, a Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) também lamentou o ocorrido e ressaltou que não houve nenhum ferido.
“A Diretoria de Ensino de Capivari e a unidade escolar estão à disposição das autoridades para auxiliar na investigação. A segurança da unidade será reforçada com o apoio da ronda escolar”, afirmou a Pasta em nota.
Segundo a Seduc, a unidade escolar é compartilhada com o município, sendo que as aulas da rede estadual ocorrem no período da tarde e noite. As aulas para a rede estadual deverão ocorrer normalmente após a perícia ser realizada.
“O caso está sendo registrado na Plataforma Conviva (Placon) e também no boletim de ocorrência. A equipe gestora da escola segue à disposição da comunidade escolar”, completou em nota.
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