Campinas contabilizou até esta quarta-feira (28) 146 capivaras nos parques e áreas verdes da cidade. Prevista para ser concluída no início de julho, a contagem é necessária para que os animais sejam esterilizados, medida que serve para controlar o número de roedores e reduzir o risco de febre maculosa. O município vive um surto que causou a morte de quatro pessoas (veja abaixo).
Segundo a secretaria do Verde de Campinas, a esterilização depende da autorização do governo do estado de São Paulo, já que a espécie é protegida e “o manejo tem que seguir protocolos definidos por lei”. O chamado “Projeto de Manejo e Esterilizações de Capivaras nos Parques Públicos”, inclusive, foi concluído pela pasta, mas o aval oficial do estado ainda é esperado.
“Se o processo correr conforme o previsto, após todos os trâmites, a esterilização das capivaras deve ocorrer até o final de abril de 202”, afirma a secretaria.
NÚMERO DE CAPIVARAS
O inventário das capivaras nos parques segue com visitas diurnas e noturnas e é realizado pelos técnicos da força-tarefa com o auxílio de câmeras de calor. Até o momento, foram contabilizadas 48 capivaras na Lagoa do Taquaral, 28 no Lago do Café, 65 no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim e cinco no Parque das Águas, onde o risco de febre maculosa causou uma interdição.
Animais silvestres protegidos por legislação federal, as capivaras estão entre os principais hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a doença. Se picados, os mamíferos podem desenvolver a bactéria causadora do quadro, o que permite que outros carrapatos contraiam a bactéria quando se alimentam do sangue.
ABATE DESCARTADO
Em meio às confirmações de quatro mortes por febre maculosa e do surto da doença em Campinas, o médico veterinário do Dpbea (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal) da cidade, Paulo Anselmo Nunes Felippe, descarta o abate de capivaras como solução para possíveis novos surtos.
“Mesmo que fosse possível retirar todas as capivaras do planeta, a gente correria o risco de ter ainda febre maculosa, porque existem algumas espécies de carrapatos em que o cão faz esse papel. Então a doença tá muito mais relacionada com o carrapato do que com a capivara. Toda vez que as capivaras foram retiradas de locais, as regiões foram recolonizadas”, afirma Nunes, detalhando também que a espécie tem grande capacidade reprodutiva.
Preocupado com o que chama de “estigma” contra os animais por conta da febre maculosa, o médico veterinário lembra que o mamífero é protegido por lei e não deve ser alvo de perseguição ou violência por parte da população. “Na verdade, os reservatórios da febre maculosa são os próprios carrapatos. Uma vez que o carrapato está contaminado, vai transmitir para os filhotes, e isso vai manter a febre maculosa dos carrapatos no ambiente”, complementa (LEIA MAIS AQUI).
LEIA TAMBÉM
Pais denunciam caso de erro médico: gaze é esquecida dentro de criança após cirurgia
POR QUE A CASTRAÇÃO?
O médico veterinário explica que o processo de apuração da quantidade de capivaras atrasou por causa do fechamento dos parques no final de janeiro. Segundo Paulo, embora as capivaras não sejam consideradas um problema, elas podem se tornar um, caso a população cresça. Como a espécie só consegue infectar carrapatos uma vez, o intuito do município é evitar mais filhotes.
“A gente quer manter os animais, mas conseguir diminuir as ocorrências de febre maculosa dos parques. Nossa ideia é não deixar entrar novos animais no grupo e nem filhotes, porque em novos animais e filhotes a bactéria vai circular por 15 dias e vai infectar novos carrapatos, e os animais que estão lá já não infectam novos carrapatos. Queremos manter esses. Nosso objetivo não é desaparecer com as capivaras, é manter evitando filhotes e novos animais”, diz.
LEIA MAIS
Censo 2022: número de domicílios aumenta 34% em 12 anos; confira