Os casos de mpox, antiga varíola dos macacos, dispararam no estado de São Paulo do ano passado para este. De janeiro até esta semana, foram 359 ocorrências da doença no território paulista, número 322% maior do que o do mesmo período do ano passado, quando houve 85 casos.
Em Campinas, a ocorrência da doença vem oscilando desde 2022, que teve 96 casos durante o ano todo. Já no ano passado, houve apenas um. E, até agora, 2024 conta com oito registros de mpox na cidade.
Em agosto de 2022, quando houve o pico de mpox no Brasil, o país contabilizou mais de 40 mil casos. Um ano depois, em agosto de 2023, o total caiu para pouco mais de 400 casos.
Já em 2024, o maior número de casos foi registrado em janeiro – mais de 170. Em agosto deste ano, a média mensal de casos se mantém entre 40 e 50 novas infecções. O número é visto pelo Ministério da Saúde como “bastante modesto, embora não desprezível”.
Após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado emergência global de saúde para a mpox, o ministério reativou o COE (Centro de Operações de Emergência), responsável por coordenar as ações de prevenção e controle da doença a nível federal, e negocia compra de vacinas (saiba mais abaixo).
Como evitar a doença?
A mpox é uma doença zoonótica viral, em que a transmissão para humanos acontece principalmente por meio de contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. O alerta para a doença no mundo ocorre após surgimento de novos casos da cepa 1b, que pode ter potencial transmissor ainda maior.
A infectologista da secretaria de Saúde de Campinas, Valéria Almeida, explica que essa nova cepa tem uma característica de ser uma doença mais sistêmica, em que a pessoa tem febre, aumenta os gânglios e tem lesões espalhadas no corpo inteiro.
“A transmissão acaba sendo muito mais por um contato próximo, dentro da família, porque transmite por gotículas e até mesmo por objetos contaminados com saliva”, explica a infectologista secretaria de Saúde.
Ministério da Saúde negocia compra de vacinas contra mpox
O Ministério da Saúde negocia a compra da vacina que combate o vírus da mpox. No total, a pasta busca adquirir 25 mil doses com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
O anúncio foi feito pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, durante o evento de reinauguração do COE na última quinta-feira (15). “Neste momento, estamos negociando com a Opas um processo de compra. Para que, além daquelas pessoas que já vacinamos, ter uma reserva no Brasil”, afirmou.
Desde 2023, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou o uso provisório do imunizante conhecido como Jynneos ou Imvanex, produzido pela farmacêutica Bavarian Nordic, cerca de 47 mil doses foram recebidas e mais de 29 mil foram aplicadas.
Segundo Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), houve baixa adesão à campanha de vacinação contra mpox em 2023. A virologista é um dos 16 membros do comitê da OMS que avaliou a emergência do surto de mpox.
“Talvez porque as vacinas só começaram a ser aplicadas no início de 2023 e o pico do surto foi em agosto e setembro de 2022. Talvez muitas pessoas já tivessem achado ‘ah, o mpox já acabou’”, especula. Ela ressalta que, na época, o imunizante demorou a ser implementado como estratégia de combate à doença porque havia um limite de produção das fabricantes e muita demanda ao redor do mundo.
Quem pode tomar a vacina?
“A vacina (em massa) não se justifica, porque não é uma doença que está afetando ou que ameaça assim o mundo inteiro”, explica Clarissa. Ela ressalta também que a doença afeta públicos específicos e o imunizante é caro e pouco disponível. “É uma vacina cara porque é fabricada em pouca quantidade. Então, não tem necessidade (da vacinação em massa), acho que a população pode ficar tranquila”, diz.
No Brasil, a situação é considerada de nível 1, a menos alarmante. Não há registros de casos da nova variante do vírus mpox que se espalha pela República Democrática do Congo, considerada mais letal.
Nesse cenário, o imunizante Jynneos deve ser aplicado em duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre elas, e apenas nos seguintes casos:
- Pré-exposição: pessoas entre 18 e 49 anos que vivem com HIV/Aids e profissionais que atuam diretamente em contato com o vírus em laboratórios. Caso haja vacina disponível na rede, a imunização pode ser indicada também para indivíduos em situação de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Nesses casos, a orientação é que a aplicação da vacina seja feita com um intervalo de 30 dias entre qualquer imunizante previamente administrado.
- Pós-exposição: pessoas com mais de 18 anos que foram expostas ao vírus mpox por contato direto ou indireto com fluidos e secreções de uma pessoa contaminada, o que pode acontecer: pelo toque na pele ou mucosa; por relações sexuais; pela inalação de gotículas em ambientes fechados de convívio comum; pelo compartilhamento de objetos, especialmente os perfurocortantes. Nesses casos, a recomendação é que a vacina seja administrada em até quatro dias após a exposição. Apenas em situações excepcionais a imunização pode ser realizada em até 14 dias, mas com redução da sua efetividade.
Centro de Operações de Emergência
Além da compra das vacinas, o Ministério da Saúde também reativou o COE, centro responsável por coordenar as ações de prevenção e controle da mpox a nível federal. Ele foi ativado em julho de 2022, após a declaração de emergência de saúde pública da OMS naquele ano. As operações foram encerradas após a entidade declarar fim da situação emergencial, em 2023, e agora será retomada.
De acordo com o ministério, após o surto de mpox em 2022, há 27 laboratórios de referência nacional realizando exame diagnóstico da doença. “Atualmente, todo o País está abastecido com insumos para essa testagem”, afirmou, em nota.
*Com informações da EPTV Campinas e Agência Estado
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