Campinas iniciou uma busca ativa pelas crianças que ainda não foram imunizadas contra a paralisia infantil. O objetivo é ampliar a cobertura vacinal contra a doença na cidade, que está atualmente em 54%, bem abaixo do índice ideal, de 95%. A campanha foi prorrogada até o final deste mês (veja mais abaixo).
Segundo a secretaria de Saúde, uma campanha interna foi criada pela pasta. “Na ação ‘Adote uma Carteirinha’, cada agente comunitário ficará responsável por um número de crianças do seu território e deverá buscar informações como situação vacinal, motivos de não ter recebido a dose”, detalhou o comunicado.
A iniciativa coincide com a ampliação do prazo para a imunização em todo o Brasil, já que pelo menos 80% dos municípios do País tem risco alto ou risco muito alto para a reintrodução da doença, segundo o Ministério da Saúde. Iniciada em agosto, a campanha foi prorrogada até o dia 31 de outubro.
Em Campinas, as doses podem ser recebidas em 66 centros de saúde (clique aqui para acessar a lista). “Até o momento, pouco mais da metade das crianças compareceram. A meta considerada ideal é de 95% do público estimado e foi atingida pela última vez em 2018”, complementa a secretaria.
AÇÕES COMPLEMENTARES
Ainda de acordo com a Saúde municipal, “foi implantada a padronização e ampliação do horário das salas de vacina” para melhorar os índices de vacinação. Também foi iniciada a vacinação nas escolas para atualizar as carteiras dos estudantes. A medida foi feita em parceria com as pastas municipal e estadual de Educação.
Também serão desenvolvidas ações com o Consultório na Rua para garantir as vacinas para pessoas em situação de rua. Além disso, o esgoto do Aeroporto Internacional de Viracopos será monitorado “para identificar a presença do vírus” e será feita a coleta oportuna de fezes de refugiados de até 21 anos.
A cidade cita ainda que fará a “busca ativa de refugiados não vacinados” e que vai reforçar junto aos serviços de saúde públicos e privados sobre a importância da notificação ao Devisa de qualquer “caso minimamente suspeito” da doença.
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PREOCUPAÇÃO DO DEVISA
Conforme a diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) de Campinas, Andrea von Zuben, a preocupação com a reintrodução do vírus existe porque Campinas é uma cidade com fluxo de pessoas de diversas regiões do mundo e do Brasil, por meio de Viracopos e da importância da extensa malha rodoviária da região.
O fato da RMC (Região Metropolitana de Campinas) ser polo industrial, comercial, universitário e de pesquisa também preocupa as autoridades, que também lamentam a queda gradativa da cobertura vacinal nos últimos anos. Em 2015, a cobertura em Campinas era de 101,7%. A de 2021 ficou em 82,8%.
“A cada ano aumenta o número de crianças sem a vacina. Nossos números, que já não vinham bem, pioraram muito na pandemia. Esta situação aumenta o risco de reintrodução da doença”, disse a diretora do Devisa, Andrea von Zuben.
OS DADOS DA VACINAÇÃO
Nesta quinta (13), a secretaria de Saúde atualizou o balanço da Campanha contra a Poliomielite e Multivacinação em Campinas. De 8 de agosto até a manhã de hoje, 31.777 crianças foram vacinadas contra pólio, o que representa uma cobertura de 54%. A meta é vacinar 58.813 crianças de 1 a 4 anos.
“Em relação às demais vacinas, 14.867 menores de 1 ano compareceram, sendo que 12.229 atualizaram as carteiras. Entre as pessoas com idade de 5 a 14 anos, 18.493 compareceram às unidades e 9.593 regularizaram as doses”, completou.
As vacinas são aplicadas em 66 centros de saúde (apenas o CS Boa Esperança não faz a vacinação). As salas de vacinas abrem às 8h e encerram o atendimento 30 minutos antes do fechamento da unidade. A Campanha está prevista para terminar em 31 de outubro e mais informações podem ser conferidas no site.
COMO É A VACINA?
Existem duas vacinas contra a paralisia disponíveis: a VIP (vacina inativada poliomielite), que é injetável, e a VOP (vacina oral poliomielite). O PNI (Programa Nacional de Imunizações) recomenda a vacinação entre 2 meses e 4 anos. O Calendário estabelece três doses de VIP, administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, e mais dois reforços com VOP, aos 15 meses e aos 4 anos.
A PARALISIA INFANTIL
A paralisia infantil é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções liberadas ao falar, tossir ou espirrar. O último caso no Brasil foi registrado em 1989. Em 1994, foi certificada a erradicação nas Américas.
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