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CotidianoCondepacc aprova retirada de 108 árvores do Bosque dos Jequitibás, em Campinas, por risco de queda

Condepacc aprova retirada de 108 árvores do Bosque dos Jequitibás, em Campinas, por risco de queda

Parque é tombado por seu valor cultural e histórico; secretaria de Serviços Públicos teve como base parecer técnico para a retirada

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Laudo apontou risco de queda de árvores do Bosque (Foto: Carlos Bassan/PMC)
Laudo apontou risco de queda de árvores do Bosque (Foto: Carlos Bassan/PMC)

 

O Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) aprovou, por maioria, a solicitação da secretaria de Serviços Públicos para a retirada de 108 árvores da área interna do Bosque dos Jequitibás, em Campinas. Segundo a pasta, haverá intervenção somente em uma pequena parcela da reserva natural local. O parque segue fechado sem data definida para sua reabertura.

“O Condepacc, ao apreciar o pedido da Secretaria de Serviços Públicos, considera a preservação do maciço arbóreo enquanto paisagem cultural.  A decisão está prevista para ser publicada no Diário Oficial do Município, na próxima semana”, informou em nota a Prefeitura.

De acordo com a Administração, as 108 árvores estão localizadas na parte interna do bosque e apresentam situações de risco à segurança e à integridade da vida das pessoas, sobretudo de frequentadores do parque. Segundo laudo técnico, foi identificada a presença de risco de queda de árvores em edificações existentes no local, incluindo prédios históricos tombados.

Apesar de definir pela extração a Prefeitura ainda não definiu uma data para iniciar os trabalhos de retiradas das árvores no local. A Administração informou que isso vai ocorrer apenas após a permissão de todos os órgãos responsáveis. A expectativa inicial do secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulela, era de começar os trabalhos no último dia 20 com previsão de reabertura do Bosque no mês de abril. Agora, a Prefeitura evita falar em prazo.

No dia 28 de dezembro, uma árvore de grande porte caiu sobre a Rua General Marcondes Salgado, na região do Bosque dos Jequitibás, e causou a morte de um motorista que passava pelo local. Ele foi atingido por uma figueira branca de 35 metros. Semanas depois, uma ocorrência semelhante aconteceu na Lagoa do Taquaral, onde uma menina de 7 anos morreu e uma jovem de 24 ficou ferida.

VISTORIA CONJUNTA

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Segundo a Prefeitura, o parecer e a exposição feitos ao Condepacc foram apresentados após uma vistoria conjunta entre a equipe técnica da CDPC (Coordenadoria Departamental de Patrimônio Cultural), equipe técnica da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e conselheiros do Condepacc, e também representantes do Condema (Conselho Municipal de Meio Ambiente de Campinas) e do IAC (Instituto Agronômico de Campinas).

De acordo com o laudo, há necessidade de manejo porque há risco eminente de queda de árvores fortemente inclinadas sobres os edifícios históricos, bem como sobre os caminhos e passeios do Bosque dos Jequitibás.

“O manejo proposto não acarretará danos aos fragmentos da mata, considerada como um todo, uma vez que o objetivo de salvaguarda do tombamento é a tutela da paisagem. Ao mesmo tempo, o manejo aumentará a segurança dos frequentadores do local”, informou a Prefeitura.

O Bosque dos Jequitibás é tombado pelo Condepacc por seu valor cultural e histórico. É um dos parques públicos mais antigos da cidade e possui fragmentos da mata atlântica.

LAUDO TÉCNICO

Um laudo oficial concluído após a análise da vegetação do Bosque dos Jequitibás, em Campinas, apontou a necessidade de extração de 108 árvores por “declividade acentuada” e ou “estado fitossanitário comprometido”. O documento conclui que a condição dos “indivíduos arbóreos” avaliados “traz riscos à sociedade”.

“Nos dias 2 e 3 de março de 2023, observamos um total de 108 indivíduos arbóreos para extração devido à declividade acentuada em direção às ruas e prédios e/ou devido ao seu estado fitossanitário comprometido que traz riscos à sociedade”, argumenta um dos trechos do trabalho, realizado por engenheiros florestais e biólogos do DPJ (Departamento de Parques e Jardins).

Em outra parte do laudo, a secretaria de Serviços Públicos de Campinas, responsável pelo levantamento, aponta que outras árvores cresceram “em desconformidade” e podem ser corrigidas através de podas. “Observou-se que grande parte está com crescimento caracterizado pelo fototropismo. Esta característica faz com que busquem luminosidade”, explica o texto.

REPÚDIO 
A Comissão Especial de Estudos de Arborização Urbana da Câmara Municipal de Campinas emitiu nota de repúdio pela decisão tomada pelo Condepacc.

“A Comissão, através de sua equipe técnica de engenheiros agrônomos, florestais e biólogos, executou vistoria no Bosque nesta semana e ainda fará uma nova vistoria no sábado, dia 25 para conclusão de laudo técnico, pois foi detectado inconsistências técnicas e legais na elaboração e apresentação do laudo realizado pela Secretaria de Serviços Públicos”, informa a nota.

A comissão é formada por três vereadores e afirma que em nota que “estão ocorrendo em Campinas supressões generalizadas de árvores e tomada de decisões sem o devido atendimento à legislação e as melhores técnicas de análise dos espécies arbóreos, o que compromete o patrimônio ambiental e a qualidade de vida da população campineira”.

A comissão afirma que solicitou a continuidade de fechamento do Bosque dos Jequitibás, até que laudo conjunto da equipe com representantes técnicos seja emitido, assim como a realização de tomografia ultrasonica e exame resistografico, de maneira voluntária e sem custo ao erário municipal, pela equipe do Laboratório de Ensaios não Destrutivos, linha de pesquisa de inspeção de árvores, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.

“Estes métodos analíticos são decisivos e conclusivos para a tomada de decisão de supressão ou não, de alguns dos exemplares arbóreos existentes no local. Outros indivíduos arbóreos analisados durante a primeira vistoria, serão checados para se verificar a possibilidade de preservação/manutenção, através da realização de medidas de manejo e de adaptação ao local”, completou a nota.

RETIRADA DE ÁRVORES DO ENTORNO

Também foi aprovado o pedido para manejo de árvores na área limítrofe, ou seja, no entorno do bosque. O pedido foi feito pela secretaria de Serviços Públicos, em caráter emergencial, em virtude das fortes chuvas que caíram na cidade em dezembro.

“O Condepacc aprovou o pedido, em razão da situação de emergência, estabelecida pelo decreto municipal 22.618, de 21 de janeiro de 2023, que declarou ‘Situação de Emergência’ no município, em função das chuvas intensas ocorridas neste ano”, finaliza a Administração Municipal.

 

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