Durante 38 anos, ao pensar em Expoflora, duas coisas costumavam vir à mente: as flores, evidentemente, e o sorriso largo do holandês Piet Schoenmaker, que era considerado o embaixador da festa. Sempre vestindo roupas típicas de seu país de origem, incluindo os tradicionais tamancos, Petrus Wilhelmus Joseph Schoenmaker se tornou um dos símbolos do evento. No entanto, em 2022, a Expoflora não conta com seu bom humor e simpatia. O holandês morreu em janeiro de 2020, vítima de um linfoma, e neste ano é a primeira vez que a festa fica sem seu embaixador.
PIET E EXPOFLORA
A história entre Piet e a Expoflora surgiu meio por acaso. Na década de 1980, ele já comandava danças típicas e tirava fotos com visitantes. Sempre carismático, conquistou o coração dos visitantes da festa. Em uma edição, a organização resolveu mudar e trazer um apresentador brasileiro, sem sotaque, para comandar o evento. A experiência não deu certo porque o público pediu a volta de Piet, que virou o embaixador da festa. Para a viúva dele, Anna Maria de Wit Schoenmaker, o segredo do sucesso era um só. “Ele queria alegria em todo lugar, queria que os visitantes se sentissem bem”.
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CHEGADA AO BRASIL E TRADIÇÕES HOLANDESAS
Piet chegou ao Brasil em 1959, com 15 anos. Em entrevista concedida a Jô Soares, no “Programa do Jô”, o holandês disse que veio para o país com toda a família, incluindo 10 irmãos. O apresentador arrancou risadas do imigrante ao dizer: “Veio o time da Holanda inteiro!”.
Chegando ao Brasil, Petrus foi trabalhar na lavoura e virou Pedrão. Mesmo com o desgaste do trabalho, ele arrumava tempo para dançar e se tornou um percursor das danças típicas holandesas no seu novo país.
Lize Schoenmaker de Block, filha de Piet, conta que ele começou a levar a dança folclórica para escolas e instituições. Annie Eysing, amiga do holandês, diz que ele frequentava o Encontro Brasileiro de Dança Circular e trouxe a tradição para Holambra.
“O Piet era mto sensível e essa sensibilidade ele levava para tudo aquilo que começava”, lembra Jos Schoenmaker, irmão do embaixador da Expoflora. Anna Maria estima que o holandês tenha tirado mais de um milhão de fotos com turistas.
Mesmo depois da morte, Piet segue sendo fotografado por quem visita a cidade. Uma estátua colorida em homenagem a ele está em frente ao pórtico turístico da cidade. No monumento, é possível ver o sorriso marcante e a simpática gesticulação do imigrante. A autônoma Marluce Barros Rodrigues, de Recife, passava em frente ao portal e não resistiu. “Quando vi a estátua dando as boas-vindas, parei o carro e pedi para minha filha tirar uma foto minha com ele”.
SAUDADES
Para a família de Piet, ficam as saudades. Tini Schoenmaker, irmã do embaixador da Expoflora, diz que sente falta do apoio que recebia dele. A falta da companhia também é sentida pelo cunhado, Joop Stoltenborg e pela filha, Simone Schoenmaker.
“Ele era meu parceiro de diálogo, isso é, agora, o que eu sinto mais falta”, se emociona Simone. Petrus ainda teve tempo, no fim da vida, para surpreender amigos e familiares fazendo uma dança circular de despedida. “Ele foi preparando cada um do jeito dele, autêntico, deixou todo mundo preparado pra partida dele”, conclui.
Petrus Schoenmaker, o Piet ou Pedrão, segue presente na Expoflora, dentro do coração de cada amigo, familiar ou turista que teve a oportunidade de conhecer ele.
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