As entidades que prestam serviços sociais para pessoas carentes em Campinas estão enfrentando queda nas doações de alimentos. A redução de arrecadações é de 90% em ONGs e entidades que prestam serviços sociais, de acordo com um levantamento realizado pela EPTV Campinas.
A situação chega até a gerar “rodízio” na doação de cestas básicas. Segundo as entidades, nessa época de final de ano, as doações costumam a aumentar, mas os números revelam um cenário contrário. O Grupo Primavera, ONG localizada no Jardim São Marcos, revela que, no início de 2022, recebeu cerca de 250 cestas básicas por mês. Em novembro, o grupo recebeu apenas 10.
No ponto de arrecadação da Bancada Solidária, localizado no kartódromo da Lagoa do Taquaral, caiu em 90% as doações nesse mês. A voluntária do projeto, Vera Fuzaro, revela que este mês apenas uma entrega foi realizada e que o projeto atende 56 instituições, sendo 1 mil cestas arrecadas por mês.
“Não tem o que fazer, paramos as entregas desse mês. Estamos tentando arrecadar, fazemos campanhas, e mesmo assim a doação está fraca”, relata a voluntária.
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A Cufa (Central Única das Favelas) e a Casa da Sopa, também tiveram uma redução 90% de doações em comparação ao ano passado. O Jardim Rosália VI relata que recebia mais de 300 cestas pro mês para distribuir para 102 famílias do bairro, mas atualmente recebem 35.
“Todo mês preciso fazer uma manobra muito triste em ter que escolher qual família vai receber a doação. É uma angústia muito grande no coração de olhar para uma família e dizer que esse mês ela vai receber, mas mês que vem vou contemplar outra família que também passa necessidade”, revela Ana Paula Fernandes, líder comunitária do Bairro Jardim Rosália VI.
A arrecadação de doações do Bancada Solidária funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados das 9h às 13h no kartódromo da Lagoa do Taquaral.
RELATOS
“Meus filhos acordam de manhã e falam: ‘Mãe, me dá o que comer?’ E eu não tenho. Eu tenho que colocar um sorriso no rosto, levantar a cabeça, e falar: ‘Deus, o que que eu vou fazer?’. Uns falam pra mim: ‘Mãe, já to cansado de comer fubá, faz um bolinho pra mim?’. ‘Mãe, tô cansado de comer farinha de trigo, compra um pão na padaria? E eu não tenho”, contou Maria Noélia Côrrea, mãe de quatro filhos.
Na casa do morador Paulo Rodrigues Moraes a geladeira quebrada virou tem porções arroz, feijão, sal e fubá. “Tem dias que passo fome, passo apertado”, afirmou.
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