Além de declarar que a cidade vive uma epidemia de dengue e detalhar os números de casos de cada região, a Prefeitura de Campinas também divulgou que o tipo 1 da doença é o que mais circula no município atualmente. A informação eleva o alerta para quem já se infectou antes e chama a atenção para as vacinas que são desenvolvidas, ou que já estão disponíveis – veja abaixo.
De acordo com a diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde), Andrea von Zuben, entre o início do ano e o último dia 12, 2.798 infecções e uma morte foram registradas em Campinas. Neste período, o sorotipo da doença que mais circula no município é o tipo 1, o mesmo que predominou no ano passado. Com isso, faz um alerta aos moradores que já foram contaminados pelo vírus.
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Segundo ela, quem já pegou esse sorotipo antes, não pode mais ser infectado por ele. O principal risco, portanto, é para quem já pegou outros tipos de dengue antes e agora pode pegar a doença mais uma vez, com maior chance de desenvolver sintomas graves. O ideal, portanto, é ficar atento aos criadouros e procurar atendimento médico o mais rápido possível, caso tenha suspeitas.
“A gente já teve todos os sorotipos, com grandes epidemias com o sorotipo 2. Como agora tá circulando o tipo 1, muito provavelmente o campineiro está com chance de ter dengue pela segunda, ou pela terceira vez. Então, não dá pra brincar com dengue, porque ela pode evoluir para uma gravidade muito rapidamente. Quem já teve dengue, sabe como é difícil”, diz ainda von Zuben.
Veja os sorotipos de dengue que predominaram em Campinas nos últimos anos:
- 2013: sorotipo 1 e 4
- 2014: sorotipo 1
- 2015: sorotipo 1
- 2016: sorotipo 1
- 2019: sorotipo 2
- 2020: sorotipo 2
- 2021: sorotipo 1
- 2022: sorotipo 1
- 2023: sorotipo 1
E AS VACINAS?
A vacina contra a dengue ainda não está disponível nas redes públicas. A previsão, segundo o ex-secretário de Saúde de Campinas e atual presidente do Conselho Curador da Fundação Butantan, Cármino de Souza, é que ela chegue ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) até 2024. A afirmação foi feita em entrevista concedida à rádio CBN Campinas no início do mês passado.
“A perspectiva da vacina da dengue, que será trivalente, é para o ano que vem”, explicou o médico hematologista, que detalha que o medicamento será eficaz contra três dos quatro tipos: os tipos 1, 2 e 4, já que o tipo 3 nunca teve grande circulação. O imunizante teve 79,6% de eficácia depois de três fases de estudos.
Além disso, a vacina terá aplicação única e poderá ser usada em pessoas que já foram infectadas e também em quem nunca teve contato com a doença. “Foram estudadas mais de 16 mil pessoas. A biossegurança é grande”, disse, lembrando as fábricas estão prontas para produzir também a vacina contra a chikungunya.
“As fábricas estão prontas, tanto para a chikungunya, quanto para a dengue. Os testes finais serão feitos, pois habilitar uma fábrica não é rápido. Temos vários processos. A perspectiva realista é que tenhamos a chikungunya primeiro, talvez ainda este ano. E a de dengue para o ano que vem”, justifica Cármino de Souza.
NA REDE PRIVADA
No início deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro da vacina Qdenga, produzida pela empresa Takeda Pharma e indicada para população entre 4 e 60 anos. Além dela, a Dengvaxia, que só pode ser aplicada por quem já teve dengue, também foi aprovada para a rede privada.
Em Campinas, uma pesquisa feita pela EPTV Campinas mostra que as doses custam entre R$ 280 e R$ 330.
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