Mais de 26 anos se passaram, mas a história não foi esquecida. Apesar de ter perdido certa força na cultura popular, a suposta queda de um disco voador em Varginha, no Sul de Minas Gerais, continua atraindo interessados e estudiosos até hoje. E um importante elo daquele boato ou episódio envolve um prédio do campus da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Campinas.
A participação de Campinas neste acontecimento que marcou gerações nos anos 90 foi tão importante e representativa que segue sendo tema de encontros, debates e congressos nos dias atuais. Até mesmo a Prefeitura de Campinas brincou com a situação em uma mensagem veiculada nas redes sociais em agosto. A postagem foi feita nos perfis do Instagram e também do Facebook.
“Segundo ufólogos, há um laboratório secreto na Unicamp que guarda o cadáver de um alienígena, o ET de Varginha. O campus de Barão Geraldo seria, então, a Área 51 tupiniquim, numa referência à famosa base aérea dos Estados Unidos”, diz um dos textos publicados em homenagem ao Dia do Folclore.
Mas o tom divertido não é compartilhado por quem leva essa história a sério. Um deles é o escritor e ufólogo Marco Antônio Petit, considerado um dos especialistas no assunto e autor do livro “Varginha: Toda a Verdade Revelada”, publicado em 2015. Petit está entre os palestrantes do 26º Congresso Brasileiro de Ufologia, que acontece entre os dias 23 e 25 deste mês em São Paulo.
“Não estamos brincando quando afirmamos a veracidade do ‘caso Varginha’. Nós assumimos plenamente tudo o que revelamos publicamente. Inclusive, o que está escrito por mim como autor dessa obra”, afirma o investigador, que diz ter relatos confiáveis de testemunhas ligadas diretamente ao Exército que comprovam a vinda do corpo de um alienígena a Campinas (leia mais abaixo).
MAS, AFINAL, QUAL É A HISTÓRIA?
Em 20 de janeiro de 1996, pouco depois das 15h, três mulheres de 21, 16 e 14 anos relataram ter visto algo que não seria homem, nem animal, agachado junto ao muro de um terreno vazio em Varginha. A história ganhou repercussão e foi amplamente divulgada pela imprensa na época, principalmente porque o chamado “avistamento” se entrelaçou com uma série de relatos estranhos.
Entre eles, um casal que teria visto algo diferente no céu na noite de 13 de janeiro, a morte de um policial que teria tido contato com o suposto alienígena em 15 de fevereiro e movimentações consideradas atípicas de veículos militares no mesmo dia e nas semanas seguintes à possível queda de um disco voador. Os militares, inclusive, seriam os responsáveis por esconder e acobertar o caso.
Segundo a teoria de estudiosos e entusiastas da existência de vida extraterrestre, após os acontecimentos relatados em Varginha em 20 de janeiro, o cadáver de um ser ET, capturado no mesmo dia pelo Exército, teria sido transportado de Minas direto para as instalações de um laboratório secreto na Unicamp para ser examinado e estudado. A partir daí, no entanto, vários outros boatos surgiram.
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O TAL GALPÃO SECRETO
Segundo o folclore construído sobre o assunto, a autópsia teria sido comandada por especialistas em uma sala secreta do IQ (Instituto de Química), ou em um laboratório subterrâneo que se estenderia da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) até o IB (Instituto de Biologia), dependendo da versão que é contada. Mas desde então, nenhuma prova sobre esse lugar foi apresentada ao público.
Questionado sobre a existência do local, o ufólogo Marco Petit prefere não ser tão categórico. “É claro que eu tive conhecimento de histórias relacionadas a essa área da Unicamp, mas meu trabalho sempre foi objetivo. Nunca divulgamos algo que não estivesse substanciado dentro das investigações. Então, eu não tenho evidência direta da existência deste pavilhão”, defende.
Apesar de dizer não ter provas sobre a tal área secreta na Unicamp, Marco Antônio Petit afirma ter recebido diversos relatos confiáveis de integrantes do Exército sobre a vinda de um comboio militar à universidade de Campinas. Segundo ele, após a retirada “de um dos seres” do local do acidente, o corpo e também fragmentos da nave alienígena foram transportados para a cidade.
“Essa testemunha militar participou de um comboio que levou materiais ligados ao Caso Varginha à EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), em Campinas. Segundo ele, outros militares levaram pelo menos um desses seres para dentro da Unicamp para ser autopsiado e estudado”, justifica.
POSICIONAMENTOS
Procurada, a Unicamp negou a existência de uma área secreta. “Não procede a informação de que a Unicamp estaria desenvolvendo pesquisas ou abrigando supostos extraterrestres em suas dependências. A instituição interpreta o assunto como um mito que prosperou no imaginário popular e nega qualquer afirmação ou insinuação a esse respeito”, alegou oficialmente a instituição.
Perguntado anteriormente sobre o caso, o Exército Brasileiro afirmou que “determinou a abertura de processos investigatórios sobre o fato nos anos de 1996 e 1997. Tais procedimentos resultaram na instauração de um IPM (Inquérito Policial Militar), o qual foi encaminhado, naquela ocasião, à Auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar, em Juiz de Fora/MG”.
Segundo os militares, “o assunto foi encerrado com a conclusão do IPM”. No inquérito, entre as explicações, está a de que o ET de Varginha seria, na verdade, um rapaz com distúrbios mentais, conhecido como “Mudinho”, que morava próximo ao local onde a criatura foi vista e às vezes ficava agachado na rua. O Exército ainda alegou que não tem documentos sobre ufologia nos arquivos.
CONGRESSO DE UFOLOGIA
Considerado um dos mais importantes de ufologia do Brasil, o caso do ET de Varginha será um dos assuntos de destaque do 26º Congresso Brasileiro de Ufologia, que promete ter a revelação de novos fatos descobertos recentemente pelos ufólogos e que eram, até recentemente, mantidos em segredo. O evento acontece entre os dias 23 e 25 deste mês em um hotel da capital paulista.
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