Os pacientes da Farmácia de Alto Custo de Campinas têm enfrentado dificuldade em conseguir remédios no local. O problema é confirmado pela secretaria estadual de Saúde, que informou que de 10 remédios repassados pelo governo federal, quatro estão em falta.
Nesta sexta-feira (4), a unidade no bairro Ponte Preta voltou a causar reclamações entre os usuários.
Apesar do atendimento ser agendado, o movimento foi grande mais uma vez e pacientes tiveram que voltar para casa sem os medicamentos necessários para os tratamentos.
Foi o caso de Lucia Donizete Lana, que pegaou um ônibus no Jardim São Pedro para buscar um remédio contra mal de parkinson para o marido de 69 anos. Desde dezembro, porém, não consegue.
“Agora me disseram que na segunda quinzena vai ter, porque já compraram. O meu marido está sem tomar e o médico disse que não tem como substituir. É muito caro e está em falta nas farmácias”, detalha.
Desde fevereiro sem conseguir o medicamento contra um tipo raro de diabetes para a esposa, João Marcos Zaparoli precisou ir ao local por três dias seguidos para conseguir as doses.
“O remédio está na faixa de uns 300 reais. Ela toma três por mês e é complicado e pesa bastante no orçamento. Conseguimos hoje e agora vamos ver como vai ser no próximo mês”, diz.
De acordo com a pasta estadual, este já é o sexto mês em que há problemas com atrasos nos medicamentos que são comprados pelo Ministério da Saúde.
Os problemas nas entregas começaram nos últimos três meses de 2021, e atualmente cerca de 39% dos 134 medicamentos que são responsabilidade do Ministério estão sendo afetados. São, portanto, cerca de 50 medicamentos.
OUTRA VEZ
Os relatos de Lucia e João Marcos confirmam um problema recorrente no local. No mês passado, vários pacientes contaram sobre a falta de remédios para esclorose múltipla.
Na ocasião, o principal temor dos usuários era que a falta das substâncias pudesse causar algum tipo de crise, ou surto, com potencial de gerar alguma nova sequela.
E O MINISTÉRIO?
Sobre a situação, a secretaria estadual de Saúde disse hoje ainda que tem cobrado o Governo Federal sobre os problemas.
Procurado, o Ministério da Saúde reconhece que existem problemas no fornecimento de remédios de alto custo e alega que está buscando soluções para cada tipo de medicamento.
Apesar disso, aponta dois problemas: a falta de insumos na indústria, que diz ser consequência da pandemia, e o cancelamento de contratos pela falta do envio do produto.
Nesses casos, conforme o comunicado, o processo de cancelamento do contrato e a substituição por uma nova empresa demandam mais tempo e prejudicam a escala de remessas.
DIREITOS
Para o advogado Cássio de Ávila Ribeiro Júnior, é direito de todos os brasileiros ter acesso às medicações. Para isso, o paciente pode e deve recorrer à Justiça.
“Uma ação judicial pode fazer com que ele retire a dosagem mensalmente até que o governo forneça normalmente. Neste momento de falta de insumos e suspensão de contratos, vai ser importante buscar a Justiça”, explica.