A invasão da Ucrânia pela Rússia pode causar diversos reflexos diretos para quem vive no Brasil, acompanha o conflito à distância e se choca com os mortos e a destruição. Os principais efeitos devem ser econômicos.
PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
A cotação do barril de petróleo, por exemplo, disparou e passou dos US$ 100 em menos de 24 horas de confronto. Para quem abastece o tanque e reclama do preço atual nos postos do Brasil, a tendência é que o valor aumente ainda mais.
Professor de Relações Internacionais em Campinas, Guilherme Frizzera diz temer a elevação da cotação em dólar, porque o preço do barril pode ser amplificado pela elevação da moeda estrangeira no mercado internacional.
“Há sete anos o barril de petróleo não passava de US$ 100. O barril de petróleo produzido no Brasil é cotado em dólar. Se você tem um aumento do barril e, com o dólar podendo subir, podemos ter gasolina cara”, explica.
EXPORTAÇÃO
Outro reflexo previsto por Frizzera envolve as exportações do Brasil para a Rússia e outros países. Neste caso, inclusive, o professor entende que as empresas da região de Campinas que mantêm negócios com o leste europeu serão afetadas.
“A OTAN diz que deve criar obstáculos como sanção à Rússia e impedir o comércio. A guerra tem muitas facetas, principalmente econômicas”, aponta.
TURISMO
Quem planeja deixar o Brasil e viajar para o exterior também pode ser afetado. Isso porque o avanço das tropas russas e até mesmo outros tipos de movimentações militares podem mexer nas escalas de voos de outros paises.
“As pessoas tendem a deixar de viajar. Ocorre uma diminuição de interesse em fazer turismo. Há redução de gasto em moeda estrangeira”, complementa.
Alguns brasileiros em viagem já sentem as consequências. Victoria Bueno, por exemplo, tinha como próximo destino justamente a Ucrânia. A guerra, porém, fez ela mudar os planos e cancelar a reserva feita em um hotel.
Na Europa para fazer trabalho voluntário, a jovem está atualmente em Budapeste, capital da Hungria, que faz fronteira com o país invadido. Devido à proximidade, a repercussão é enorme, assim como a apreensão.
“Fiz esse roteiro em outubro e não imaginava que ia acontecer isso. Ia passar por três cidades a partir do final de março. Mas aí tirei do roteiro pra não correr risco. O clima aqui está bem tenso”, conta ela.