Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) apontam que a inflação é maior para as famílias que ganham até 5 salários mínimos por mês, ou seja, com renda de R$ 1.212 a R$ 6 mil.
O Instituto tem duas maneiras de calcular a inflação, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que leva em consideração famílias que ganham de 1 a 5 salários mínimos, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que engloba famílias com rendimentos de até 40 salários mínimos.
De 9 grupos de produtos pesquisados pelo IBGE, em 8 o índice foi maior no INPC do que no IPCA. Confira os números da inflação, entre janeiro e julho, pelos dois índices:
IPCA: 5,19%
- ALIMENTOS E BEBIDAS: 10,58%
- HABITAÇÃO: 0,76%
- ARTIGOS DE RESIDÊNCIA: 7,56%
- VESTUÁRIO: 9,90%
- TRANSPORTES: 2,10%
- SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS: 6,33%
- DESPESAS PESSOAIS: 4,82
- EDUCAÇÃO: 6,28%
- COMUNICAÇÃO: 2,31%
INPC: 5,95%
- ALIMENTOS E BEBIDAS: 11,86%
- HABITAÇÃO: 2,48%
- ARTIGOS DE RESIDÊNCIA: 8,02%
- VESTUÁRIO: 10,21%
- TRANSPORTES: 2,37%
- SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS: 8,02%
- DESPESAS PESSOAIS: 5,14%
- EDUCAÇÃO: 6,19%
- COMUNICAÇÃO: 2,57%
- VILÕES DO BOLSO
Nos grupos pesquisados, o de habitação, que engloba artigos de limpeza, e itens de limpeza pessoal, que se enquadram na categoria de saúde e cuidados pessoais, tiveram aumentos consideráveis nos preços. Confira a variação destes itens de janeiro e julho no estado de São Paulo:
- DETERGENTE: 9%
- PAPEL HIGIÊNICO: 10%
- AMACIANTE: 12%
- SABÃO EM PÓ: 17%
- SABONETE: 19%
CONSUMIDORES TENTAM SE VIRAR
Nos supermercados, os consumidores admitem que não está fácil enfrentar os preços altos e cada um tenta driblar a inflação do jeito que dá.
A atendente Beatriz Rodrigues tenta economizar reduzindo o consumo dos produtos. “A gente divide, marca e assim vai indo. Senão fica sem usar. Uma coisa que pagava 2, está 4, o que custava 4, está 8”.
Já o casal de comerciantes Paulo e Priscila Nakayama buscam outras estratégias pra pagar menos. Ele diz que tem trocado os produtos por marcas mais baratas e ela prefere ir aos atacados porque são mais baratos.
Já a diarista Jaqueline Guimarães não vê grandes diferenças nas trocas de marcas. Segundo ela, quando se pega um item mais barato, a qualidade cai e é necessário usar o dobro do produto, gastando mais.
VAI MELHORAR NO SEGUNDO SEMESTRE?
A resposta é não. Pelo menos é o que acredita o coordenador do curso de Economia da Facamp, José Augusto Ruas, Para ele, como os preços de energia pararam de crescer, é possível que a inflação estanque, ficando em uma estabilidade de preços nesse patamar mais alto.
Ele explica que a inflação é mais sentida pelos que recebem menos porque os aumentos impactaram mais nos itens básicos, que são muito consumidos pelas famílias mais pobres, que não têm acesso a produtos de luxo.
“Uma das causas da inflação é a alta nos preços das comodities internacionalmente, elas puxam os preços dos alimentos para cima. O aumento foi muito sentido no preço do leite, em laticínios em geral, utensílios do lar, que são muito consumidos pelos mais pobres”.