Com duração de 41 minutos, o documentário “Autismo – Conhecer para incluir” conta com a experiência de cada participante acerca do tema. Desde informações técnicas sobre a condição médica, até mensagens sobre a importância da inclusão e da conscientização da sociedade a respeito do autismo. Para Nice, o vídeo serve como uma ferramenta de informação a respeito do transtorno.
“Muitas pessoas só pensam no autismo clássico. Às vezes, nem sabem que têm variações e níveis dentro do espectro autista”, relata Nice.
Desenvolvido inteiramente durante a pandemia do novo coronavírus, Nice explica que o documentário só foi possível devido à generosidade dos participantes, que disponibilizaram parte de seu tempo para a concretização do projeto. Após o contato inicial, os integrantes realizaram a gravação e enviaram os vídeos em apenas uma semana para a edição final, de acordo com a jornalista.
“Não houve uma linha para o documentário. Eu só pedi para que cada um falasse, dentro da sua área, o que poderia estar contribuindo para a conscientização do autismo. Então, cada um falou aquilo que sentiu e achou que era necessário. Não houve um roteiro para as pessoas seguirem”, afirma.
A produção “Autismo – Conhecer para incluir” conta com explicações e relatos de especialistas como psicólogos, neuropediatras, psiquiatras, pediatras, fonoaudiólogos, e de mães e pessoas diagnosticadas com vários níveis diferentes do Transtorno do Espectro Autista. O documentário está disponível no canal Alma Inclusiva, no Youtube.
Participação especial
A finalização do documentário teve um toque mais do que especial, pois ficou a cargo do Miguel, filho de 13 anos da jornalista, diagnosticado com a síndrome de asperger, condição enquadrada como leve no espectro do autismo.
“Meu filho adorou participar da edição. Ele faz uma edição de áudio espetacular, tanto que foi ele quem escolheu as trilhas-sonoras, me ajudou na edição das imagens. Ele se envolveu muito com essa produção”, diz.
Responsável pela edição completa do projeto, Miguel relata que o documentário teve um significado singular para ele. “Eu achei legal fazer a edição porque eu pude conhecer a história de outras pessoas que também têm autismo”, afirma Miguel.
Assim como muitas pessoas que não têm contato direto com o autismo, Miguel explica que não sabia de sua condição médica antes do diagnóstico de seu psicólogo. “Eu não me considerava um autista. Eu já sabia que existia a palavra autista e eu achava que não participava do grupo dos autistas”, salienta.
Abril Azul
Além do dia 2 de abril, escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, foi criada a campanha Abril Azul, que pretende estimular ações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao longo de todo o mês.
Para Nice Bulhões, as datas instituídas e a divulgação das mais diversas condições médicas existentes auxiliam na inclusão de todas as pessoas dentro da nossa sociedade. “Acho que as datas de conscientização são extremamente importantes porque trazem à tona assuntos, muitas vezes, escondidos. No caso do autismo, esse espectro autista foi muito importante, porque mostra que não existe um indivíduo apenas. Existem vários indivíduos, assim como o ser humano. Ele é diferente um do outro”, relata.
A jornalista ainda acredita que a compreensão é o caminho para se atingir uma sociedade mais inclusiva. “Lógico que a descoberta do autismo no meu filho reforçou essa minha vontade de ajudar as pessoas. Acho que falta mais empatia com o que é diferente, o que é atípico para as pessoas. É importante que todos conheçam um pouco sobre o autismo”, finaliza.