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CotidianoJornalista Roberto Godoy morre aos 75 anos em Campinas

Jornalista Roberto Godoy morre aos 75 anos em Campinas

Considerado um dos maiores especialistas em assuntos de Defesa, repórter campineiro teve passagem pelo Correio Popular e Estadão

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O jornalista Roberto Godoy morreu nesta sexta-feira (29), aos 75 anos, em Campinas. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, onde o profissional trilhou parte de sua carreira premiada. 

Segundo o jornal, Godoy tratava um câncer e, nos últimos meses, lutou contra a doença com apoio da família e “sem perder a coragem, a lucidez, o bom humor e o otimismo. Marcas que sempre o acompanharam”.  Considerado um dos maiores especialistas em assuntos de Defesa, o repórter campineiro se destacava em tudo que envolvia segurança, armas e guerras do Brasil. 

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), lamentou a morte de Roberto Godoy. “Godoy era um amigo de longa data. À família, meus profundos sentimentos de pesar. Perde a imprensa brasileira com a morte desse brilhante profissional”, disse em nota.  

“Sua importância ao tratar de nossa agenda militar nos fez, ainda mais, reconhecidos. Assim, seu papel foi fundamental nesta vertente do jornalismo, onde cada notícia veiculada era fundamental para esclarecer o real papel de nossas Forças”, disse o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, nesta sexta-feira (29), ao saber da morte. “Perdemos um grande profissional e um correto cidadão. Perdi uma referência de nossa imprensa especializada”. 

Trajetória profissional de Roberto Godoy 

Roberto Godoy nasceu em Campinas em 18 de janeiro de 1949 e começou a trabalhar cedo no Correio Popular, jornal da família na cidade, do qual seus pais eram sócios minoritários, e onde mais tarde ele atuou como diretor. 

O jornalista foi contratado pelo Estadão como chefe da Sucursal de Campinas. No Grupo Estado, foi repórter especial de várias áreas e editor da Agência Estado, além de atuar em diversos programas da Rádio Eldorado. Entre eles, o “Conexão” e o “De Olho no Mundo”. Atualmente, fazia uma participação semanal no “Estado de Alerta com Roberto Godoy”, que estreou em outubro de 2021. 

“Quando os jornais tiveram de se adaptar à era digital, Godoy não se intimidou com a necessidade de buscar outros meios de divulgar informações. Foi um dos primeiros astros da TV Estadão. Não só levando no novo canal do tradicional jornal suas informações sobre defesa, armas e guerras, mas comandando programas de entrevistas em diversos assuntos”, conta o Estadão. 

Carreira premiada e de destaque 

O jornalista campineiro começou a acumular prêmios desde muito jovem. Ganhou em sequência três prêmios jornalísticos do Centro das Indústrias (Ciesp Campinas). Venceu o principal prêmio do jornalismo brasileiro, o Esso, com a reportagem “Nasce o primeiro computador da América Latina”, publicada no Correio e no Estadão. Era o tempo da censura de imprensa decretada pelo AI-5 anos antes e na entrega do prêmio afirmaria: “A liberdade de imprensa é, ainda, o maior dos prêmios que o jornalista pode ganhar”

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Numa época em que assinatura do autor de um texto era rara, o nome Roberto Godoy aparecia com frequência em várias páginas do jornal Estadão , com reportagens de destaque. Muitas tratavam de avanços tecnológicos em diversas áreas: medicina, agricultura, energia, comunicação, mas não descuidava de contar histórias de sua região, que começava a crescer alucinadamente na década de 70. Muitas reportagens tratavam desta expansão, mas outras contavam histórias do interior ainda rural. 

Mas foi no final da década de 70 que começaria a carreira de um dos maiores repórteres de segurança, armas e guerras do Brasil e do mundo. Numa entrevista para a Revista Imprensa de junho de 2012, Godoy contou que esta história começou graças ao então editor-chefe do jornal, Miguel Jorge (que anos mais tarde seria executivo da indústria automobilística e ministro de Lula). 

Seu chefe teria pedido para ele dar uma ‘fuçada’ na indústria de segurança brasileira, escondida debaixo das burocracias e censuras militares. Descobriu que a área era cheia de notícias e um trabalho de muita competência lhe abriu as portas para chefes militares, executivos da indústria de armas e aviões. Tornou-se a referência de informação destes setores.  

“Não basta ser competente, tem de ter sorte”, disse à revista, lembrando a missão dada por Miguel Jorge, que lhe abriu ainda mais portas para um futuro brilhante no jornalismo. “Ao contrário do que se imagina, eu não tenho coleção de maquetes, de blindados, nada disso. Nunca tive. O assunto nunca foi meu hobby, mas é fascinante”. 

Na década de 80, espalhou notícias sobre a crescente indústria de armas, da Embraer, do setor de tecnologia e da Esalq/Embrapa no agro. Eram dele os maiores furos (nome que no jargão jornalístico significa a notícia em primeira mão) nestas áreas. 

Roberto Godoy participou das coberturas, de modo remoto, de todas as guerras pelo mundo a partir dos anos 80: revoluções na América Central, Guerra das Malvinas, Guerra no Golfo, conflitos no Oriente Médio, na antiga União Soviética, etc. O último texto dele para o Estadão foi uma análise da ameaça do ditador Nicolás Maduro de entrar em guerra com a Guiana pelo vale do Essequibo. 

“Ele sempre foi, e em tempo integral, repórter. Do tipo que trabalhava diariamente de camisa branca, gravata e suspensórios. E se orgulhava disso. Todos os assuntos o entusiasmavam e viravam pauta, do alviverde Guarani aos automóveis possantes, outras duas paixões. O talento era o mesmo tanto no texto para o impresso, que fluía elegante e correto, como para falar na rádio e na TV”, relata o Estadão.

Ainda não há informações sobre velório e sepultamento do jornalista.

*Com informações da Agência Estado

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