Um medicamento para câncer desenvolvido inteiramente na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Campinas, demostrou uma taxa de sucesso em 77,3% dos casos de tratamento experimental do câncer de bexiga.
A tecnologia já obteve patente nos Estados Unidos pelo USPTO (United States Patent and Trademark Office), e tem um pedido de patente pela agência de inovação Inova Unicamp no Brasil e na Europa.
Segundo os pesquisadores, o medicamento “OncoTherad” (Oncology Therapy Adjuvant), como foi chamado, é um imunoterápico que atua, de modo complementar, na melhora da resposta imunológica do paciente. Ele se mostrou seguro, eficaz e com poucos efeitos colaterais no combate a diferentes tipos de tumores, em especial o câncer de bexiga.
Mesmo com as patentes o medicamento ainda precisa passar por outras etapas de pesquisa e, por enquanto, não pode ser comercializado nem indicado para pacientes que não façam parte do estudo (leia mais abaixo).
TAXA DE SUCESSO
De acordo com os resultados dos ensaios clínicos conduzidos no Hospital Municipal de Paulínia, apenas 22,7% dos casos de câncer de bexiga voltaram a aparecer depois do tratamento, enquanto 77,3% dos pacientes tiveram sucesso no combate.
Além disso, para os casos que retornaram o tamanho e o grau de agressividade da doença foram reduzidos, evitando cirurgias para retirada da bexiga, muito frequentes em tumores desse tipo.
AÇÃO DO MEDICAMENTO
O medicamente age por meio da ativação das células de defesa para reconhecimento e ataque aos tumores, além de reduzir a formação de metástase e de vasos sanguíneos, que alimentam o câncer.
ESTUDOS CLÍNICOS
Até o momento, foram 250 pacientes tratados com o nanofármaco sintético desenvolvido com financiamento público, no IB (Instituto de Biologia) e no IC (Instituto de Química) da universidade.
Os ensaios clínicos foram conduzidos no Hospital Municipal de Paulínia com pacientes oncológicos para os quais alternativas de tratamento já tinham sido esgotados.
OUTRAS DOENÇAS
Ainda segundo os pesquisadores, outro diferencial da tecnologia é que ela é um medicamento com características de plataforma, ou seja, que pode ser adaptado para outras doenças.
“O OncoTherad é um medicamento para o tratamento do câncer, mas desenvolvemos uma plataforma estrutural em podemos mudar características e fazer outros nanofármacos, com funções diferentes”, explica Nelson Durán, professor e pesquisador aposentado da Unicamp, inventor da patente e atual sócio administrador da NImm-Pharma.
PROXIMOS PASSOS
O medicamento ainda precisa ser testado em novos ensaios clínicos, realizados em diferentes centros de pesquisa (multicêntricos) com um número maior de pacientes.
Para avançar para as próximas fases da pesquisa, a “spin-off” responsável empresa criada a partir de uma tecnologia desenvolvida na universidade ou instituto de pesquisa precisa montar uma estrutura fabril que siga as normas regulatórias da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou ter a produção negociada com uma indústria farmacêutica.
Por enquanto, o medicamento não pode ser comercializado nem indicado para pacientes que não façam parte do estudo.
PATENTE DE MERCADO E SPIN-OFF
Para o desenvolvimento deste medicamento, as pesquisas com o nanofármaco começaram em 2007 e seguiram uma trajetória pioneira incomum dentro da Universidade.
O OncoTherad foi a primeira propriedade intelectual de titularidade da Unicamp licenciada com exclusividade para uma “spin-off”, formada pelos inventores da patente, que é uma empresa criada a partir de uma tecnologia desenvolvida em uma universidade ou instituto de pesquisa. Essa forma foi aprovada na nova Política de Inovação da Unicamp, em 2019.
Nessa modalidade, a NImm-Pharma é a única empresa que pode explorar o nanofármaco, com uma vantagem competitiva no mercado. (COM INFORMAÇÕES DA UNICAMP)