O vereador Fernando Mendes, do Republicanos, foi convocado pelo MP (Ministério Público) a prestar esclarecimentos sobre uma fala de ontem (28), durante uma sessão da Câmara Municipal de Campinas. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) apura se o vereador coagiu pessoas que denunciaram um suposto esquema de cobrança de propina que envolveria o presidente, Zé Carlos (PSB).
“Se não provar a questão relacionada ao presidente, tem que ter danos morais, tem que ter uma série de outras coisas aí por trás. O presidente culpado, que seja cumprido. Porém, coragem de quebrar uma fidelidade, de quebrar uma segurança, a pessoa se colocou à disposição de gravar alguém. A que preço? A que custo foi isso? Qual o interesse? Por que não se procurou alguém da Casa? Então, essas são as minhas colocações e eu vou procurar estudar uma condição de como investigar tudo isso, inclusive, os vereadores que foram chamados para esta questão. Por que não procurou alguém da corregedoria, por exemplo, da Casa?”, disse o vereador Fernando Mendes.
A promotoria vai investigar se o vereador cometeu os crimes de coação e constrangimento ilegal. Em nota, o vereador defende que os lados em questão devem ser ouvidos, e que falou sobre quem gravou e não buscou, na própria Casa, o caminho da investigação. Além disso, comentou que explicações devem ser dadas, como o fato da corregedoria não ter sido comunicada para os procedimentos de apuração.
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O parlamentar ainda defende que ficou uma questão no ar e que ele tem o direito de saber.
Zé Carlos é alvo de uma operação do MP. Na semana passada, conversas gravadas entre Zé Carlos e um empresário foram divulgadas pela apuração da EPTV e do acidade on (veja detalhes abaixo.
ABERTURA DE CPI
A Câmara de Campinas já reuniu ao menos 11 assinaturas necessárias para criar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o presidente afastado da Casa, vereador José Carlos Silva (PSB). Zé Carlos, como é conhecido, é suspeito de pedir propina a empresários para prorrogar contratos com o legislativo campineiro.
Em coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira (29), a vereadora Débora Palermo (PSC), que assumiu a Presidência da Câmara depois do afastamento de Zé Carlos, disse que mais assinaturas devem ser coletadas na sessão de segunda-feira (3). Segundo ela, a CPI deve ser protocolada e efetivamente criada na quarta-feira (5), inclusive com o sorteio dos sete parlamentares que vão compor a comissão.
AFASTAMENTO DE ZÉ CARLOS
O vereador Zé Carlos anunciou seu afastamento da Presidência da Câmara de Campinas na última segunda-feira (26). Com a saída dele, a vereadora Debora Palermo, primeira vice-presidente da Casa, assumiu o comando do Legislativo. É a primeira vez que uma mulher se torna presidente da Câmara em 224 anos de história.
Durante o pronunciamento, na sessão ordinária da última segunda, Zé Carlos informou que conversou com a bancada do PSB no intervalo da sessão e decidiu se afastar, atendendo ao pedido do líder do PT na Câmara, vereador Cecílio Santos. Ele ainda disse que o afastamento será para garantir a lisura de toda a investigação.
“Sentei com a minha bancada do PSB neste momento, vou acatar a sugestão feita pelo líder do PT e vou me afastar da presidência para que tudo transcorra com a normalidade e a maior lisura, e que vocês verifiquem todos os contratos existentes na Câmara Municipal. Não vai ter ninguém interferindo, eu vou me afastar para cuidar, inclusive, da minha saúde. Vocês sabem que eu faço tratamento e coisas desse tipo, mas eu vou acatar uma reunião que nós fizemos com a nossa bancada e o líder do PT fez esse requerimento de afastamento. Vou me afastar”, disse.
ÁUDIOS DIVULGADOS
Gravações que foram usadas para embasar o MP (Ministério Público) na denúncia de corrupção contra o presidente da Câmara de Campinas, Zé Carlos, mostram o parlamentar negociando com prestadores de serviço e pedindo “ajuda” para definir a continuidade de contratos. Os promotores apuram um suposto esquema de cobrança de propina na Casa de Leis. Segundo as investigações, Zé Carlos exigia vantagens pessoais para manter ou renovar contratos da Câmara Municipal.
Os novos áudios, obtidos pela EPTV Campinas, mostram conversas gravadas por um empresário que fez a denúncia. Na conversa, de janeiro do ano passado, Zé Carlos sinaliza que pode desistir de fazer uma nova licitação e renovar o contrato com o empresário se ele não “o ajudar”.
“Eu tenho um tempo para fazer uma licitação, tenho quatro meses para fazer uma licitação, eu não quero fazer se você não me ajudar”, diz Zé Carlos. “Claro, eu estou aqui pra isso”, responde então o prestador.
“Eu posso fazer essa nova licitação ano que vem se a gente não se acertar. Eu não quero prejudicar você. Eu quero saber o que nós podemos melhorar, aonde nós podemos chegar, entendeu? Pra gente dar uma… temos que dar uma enxugada”, completou o presidente da Câmara.
Em outra gravação, Zé Carlos chega a falar de “garantia de ajuda”. “(…) que o acordo feito é 800, entendeu? Ele garantiu, ele garantiu que vai me ajudar… você me ajuda (…)”. O áudio foi registrado em 2 de agosto de 2021.
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