Atingida pelos galhos do eucalipto que caiu e matou uma menina de sete anos no dia 24 de janeiro dentro da Lagoa do Taquaral, em Campinas, a jovem Gabriela de Araújo Rodrigues, de 27 anos, disse que terá que fazer fisioterapia. “Desaprendi a andar”, contou ela em entrevista ao acidade on Campinas.
Após o acidente, Gabriela ficou internada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Mário Gatti por seis dias, saiu do setor no último dia 30, mas seguirá no local para se recuperar da lesão em uma das vértebras da coluna, da fratura em uma costela e dos ferimentos no rim e no pulmão.
Depois de passar por diversos procedimentos, como a drenagem do pulmão, ela enfrenta dificuldades para se movimentar, recebe a ajuda frequente da mãe e afirma estar focada na próxima etapa do seu recomeço: a fisioterapia.
“Tenho restrição de movimento por conta da lesão na coluna. Desaprendi a andar. Tenho os movimentos das pernas, entretanto, tenho perda da força motora e da coordenação. Preciso reaprender a andar. Meu objetivo é ter alta do hospital logo e focar na fisioterapia, porque meu sonho agora é voltar a andar. Quero ter minha vida normal como era antes”, desabafa à reportagem.
Quando sair do hospital, a engenheira ambiental também já tem planos, já que foi convocada para uma vaga após ser aprovada em um concurso público em Hortolândia. Além disso, diz querer buscar a Justiça para que o município faça as “devidas manutenções” e a tragédia não se repita – leia mais abaixo.
PASSEIO E PIQUENIQUE
Antes de ser atingida pelo eucalipto, Gabriela alega que passou pela árvore outras duas vezes naquela manhã de terça-feira, dia em que fez uma visita atípica à Lagoa do Taquaral. “Não costumava ir com frequência. Quando ia até a Lagoa, era aos finais de semana, para levar meus cachorros para passear. Entretanto, com as férias do meu namorado, cogitei ir em um dia útil”, relata.
Quando estava na terceira volta na lagoa, a jovem conta que viu a família da menina Isabela Tibúrcio Fermino se preparando para iniciar um piquenique. A cena chamou a atenção da engenheira, que pouco depois viu tudo mudar.
“Achei a cena linda. Foi por isso que comentei com meu namorado: ‘olha que bonitinho’. Parecia que eles iriam começar o piquenique naquele momento. Segundos depois tudo mudou com a tragédia”, lamenta, ao lembrar o acidente.
QUEDA DA ÁRVORE
A jovem afirma não ter percebido que a árvore caía enquanto caminhava perto do piquenique, mas relata ter escutado um estalo e notou pessoas correndo.
“Eu ouvi um estalo e as pessoas começaram a correr. Sem entender, por impulso mesmo, eu comecei a correr. Só entendi que era a árvore caindo quando ela bateu nas minhas costas e eu fui para o chão. Depois disso, eu não consegui observar mais nada ao redor, pois não conseguia me levantar”, detalha ela.
Enquanto Gabriela recebia os primeiros socorros na pista de caminhada e era levada ao Mário Gatti, a criança chegou a receber massagem cardíaca e ser atendida pelas equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e dos bombeiros, mas não resistiu. A morte foi confirmada no local da queda.
PARA QUE NÃO SE REPITA
Questionada sobre a morte de Isabela e o seu estado de saúde, que ainda requer cuidados especializados e fisioterapia, Gabriela diz que pretendo buscar Justiça, mesmo que isso não possa evitar o acidente, ou poupar a vida da menina.
“Acredito que seja um meio de mostrar que o município precisa fazer suas devidas manutenções para que isso não se ocorra novamente. Para que novas pessoas não sejam lesionadas ou mortas. Isso não pode ser apenas um dado estatístico. São vidas!”, defende a engenheira ambiental de 27 anos.
Logo após o acidente, Campinas alegou oficialmente que a saturação do solo causada pela chuva provocou a queda de árvore, que “estava saudável”. Além disso, também anunciou o fechamento dos parques e uma série de análises.